Socorro, Estou Perdido!

Socorro, Estou Perdido!

“Socorro, Estou Perdido!”

(Romanos 7: 14 – 25)

Série: Sem Culpa!

Rev. Todd A. Linn, PHD

Primeira Igreja Batista de Henderson, KY

(26-07-09) (manhã)

. Peguem suas Bíblias e abram em Romanos, Capítulo 7.

 

Nós estamos dando continuidade a nossa série de mensagens expositivas, versículo por versículo, através do Livro de Romanos. Vamos nos lembrar do contexto do Capítulo 7. Paulo acabou de encerrar dizendo que a Lei do Velho Testamento não pode nos salvar. Nós não somos salvos por guardar a Lei. Na verdade, ele disse nos versículos anteriores que a Lei revela nosso pecado, desperta nosso pecado, e amplia nosso pecado. Ela é como uma pá que desenterra a sujeira dentro de nós. A Lei, na verdade, estimula nossa natureza pecadora de forma que pecamos cada vez mais.

 

Antecipando que ele possa ser criticado ou mal entendido, ou até acusado de “criticar a Lei”, se você desejar, ele escreve essa próxima seção. Ele personaliza o que está dizendo. É como se ele estivesse dizendo, “veja, se você acredita que a Lei do Antigo Testamento foi dada para nos salvar, então aqui está o problema: a Lei é boa e eu não. Sem Cristo, sem o Espírito Santo, eu estou escravizado à Lei. Eu sou um escravo do pecado. Mesmo como um crente em Cristo, eu não posso observar a Lei como deveria. É com se eu estivesse paralisado pela Lei. Eu simplesmente não consigo observá-la.”

. Fiquem de pé em honra à leitura da Palavra de Deus.

 

14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.

15 Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.

16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.

17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.

18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.

19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.

21 Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.

22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

23 Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.

24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

25 Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.

.Orar.

 

Introdução:

 

O título da nossa mensagem esta manhã é, “Socorro, Estou perdido!” Alguma vez você já se sentiu assim? Este é o clamor da pessoa que Paulo descreve nos versos 14 – 25.

 

Esta passagem trata mais da luta do Cristão com a Lei do Antigo Testamento, do que da luta do Cristão com o pecado. Isto é muito importante embora a aplicação seja semelhante. Lembrem-se do nosso esboço da semana passada: O Capítulo 7 é todo sobre a Lei. Os versículos 1 – 6 descrevem nossa conexão com a Lei; os versículos 7 – 13 descrevem nossa convicção pela Lei, então; em nossos versículos hoje, versículos 14 – 25, nós lemos sobre o nosso conflito com a Lei.

 

Paulo aqui está descrevendo um Crente que é completamente ignorante com relação ao que realmente significa estar “em Cristo”, porque ele está tentando, por sua própria força, observar a Lei do Antigo Testamento. Ele está convencido pelo Espírito Santo, que revela a bondade e santidade da Lei, mas o Crente sabe que não pode lidar com isso. Ele se sente condenado, vendo sua fraqueza pela primeira vez e sentindo-se um grande fracasso. Ele vem tentando observar a Lei por sua própria força e percebe que não pode. Ele clama: “Socorro, Estou perdido!”, porque ele não entende a verdade sobre o Evangelho e a salvação que vem através do Senhor Jesus Cristo. Ele sabe que é impuro, mas ele realmente não sabe muito mais do que isso. Quantas pessoas como essa existem nas igrejas Cristãs espalhadas por toda América!

 

Essa é minha própria experiência. Eu fiz minha decisão por Cristo quando eu tinha 15 anos de idade. Anos se passaram até que eu realmente entendesse o que significava estar “em Cristo”. Até este ponto eu era como os crentes de Corinto em 1 Co 3:1-2, um “bebê em Cristo”, me alimentando do “leite da Palavra”, mas não de “alimento sólido”. E, como um Crente, eu estava tentando, com minhas próprias forças, obedecer aos mandamentos morais da Escritura, desejando melhorar minha condição, desejando, de alguma forma, ter paz e alegria e sentir o sorriso de Deus sobre minha vida, mas eu me sentia um fracasso em guardar a Lei.

 

Alguns anos mais tarde, eu comecei a receber a pregação da Palavra, indo a uma igreja onde a as pessoas crêem na Bíblia, e ouvindo a exposição da Bíblia de forma mais plena. Eu comecei a entender algumas coisas, mas me achava um pouco parecido com este homem em Romanos 7: 14-25. Eu lutava com a Lei, sem fazer aquilo que desejava e detestando aquilo que estava fazendo. Em tempo, eu comecei a entender a completa mensagem do Evangelho e entendi que Cristo cumpriu perfeitamente a Lei em meu lugar. Eu tinha ouvido isso antes, mas isso realmente nunca tinha feito sentido para mim. Agora, eu me vi “em Cristo”, liberto da minha velha posição “em Adão”. Eu comecei a entender que Deus tinha “me libertado” da escravidão do pecado. Eu compreendi que não estava mais “debaixo da Lei”, mas “debaixo da graça”. (Romanos 6:14) Eu comecei a entender o que significava estar casado com Aquele que perfeitamente cumpriu a Lei por mim, casado com Aquele em quem tive completa redenção, o perdão do pecado; o que significa vestir a justiça de Cristo em mim, estar “vestido apenas com a Sua justiça, e me apresentar sem falhas diante do trono”. E então, a paz veio.

 

E agora eu não estou mais tentando agradar a Deus com boas obras de acordo com a Lei, mas estou dando fruto nascido de um novo relacionamento em Cristo Jesus. Eu agora estou caminhando em novidade de Espírito.

 

Há três coisas principais que temos de considerar do nosso estudo. Primeiro:

 

I. Quão grande é o nosso Pecado (14 – 20)

 

Paulo começa esta seção dizendo, em essência: “Se alguém pensa que pode melhorar sua situação guardando a Lei do Velho Testamento, obedecendo aos 10 Mandamentos e todas as outras Leis Judaicas da Bíblia, então ele simplesmente não entende o quão grande é o seu pecado.” A Lei é insuficiente para nos salvar em qualquer medida, insuficiente para nos santificar. Assim como não podemos obter nossa salvação por guardar a Lei, também não podemos manter nossa salvação guardando a Lei. Nós simplesmente não conseguimos manter a Lei.

 

14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.

 

A Lei é “espiritual” – Isto é, ela é boa, santa, e justa. E nós não somos. Nós somos “carnais”. A palavra significa “de carne”. É uma palavra que contrasta com espiritual. A Lei é boa e nós não. Nós somos, por natureza, pecadores vendidos sob o pecado. Eu tenho uma natureza pecadora que está eternamente exposta à tirania do pecado dentro de mim.

 

O contexto, junto com o uso do tempo presente e do pronome pessoal, “Eu”, sugere que Paulo está descrevendo a situação de um crente, um Cristão, seja um novo crente ou um crente que ainda não apreciou e se apropriou plenamente do poder do Evangelho. Paulo talvez esteja descrevendo o caso de qualquer Crente nessa situação, ou ele talvez esteja descrevendo sua própria experiência, momentos depois de seu encontro com Cristo no caminho para Damasco. Esta pessoa diz: “Veja, mesmo como um Cristão, eu reconheço que a Lei é boa, mas eu não sou. Eu sou por natureza um pecador. Eu quero cumprir a Lei, mas não consigo. Eu me sinto totalmente convencido e condenado pela Lei. Eu estou paralisado pela Lei”. Então ele explica o que ele quer dizer:

 

15 Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.

 

Eu adoro o modo como o versículo 15 começa! “Porque o que estou fazendo, não entendo”. Você já se sentiu assim? “Não sei o que estou fazendo.” Você já entrou de propósito em um quarto e então esqueceu por que entrou lá? Você já conversou com alguém, e você não estava pensando no que estava dizendo, as palavras apenas são derramadas, e você vai se enterrando em um buraco?

 

Muitos de nós podem se identificar ao não compreender o que estão fazendo. Paulo relaciona isso aqui ao Crente que luta tentando viver de acordo com as Leis da Escritura. Ele diz: “Eu simplesmente não me entendo. Quero dizer, eu sei o que deveria estar fazendo, mas não faço. Eu quero fazer o que é certo, mas não faço. Na verdade, o que eu odeio é o que eu me pego fazendo”. Ele continua:

 

16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.

17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.

 

Então Paulo diz, “Eu acredito que a Lei é boa”. Ele está se referindo à Lei do Velho Testamento, a Lei moral, como os 10 Mandamentos – “Você não deve roubar, você não deve mentir, você não deve cobiçar”, e por aí vai. Ele diz, “Eu acredito que a Lei é boa, mas não consigo guardá-la por causa do meu pecado. Quero dizer, eu realmente quero guardar a Lei, mas o pecado dentro de mim se manifesta e eu faço o que não quero fazer”. Verso 18:

 

18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.

 

Todo Crente tem essa natureza caída na qual “não existe nada de bom”. E vocês percebem quão grande é o nosso pecado? Ele diz, “o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem”. Ou seja, “Eu quero fazer a coisa certa, mas não consigo!” Ele explica a seguir:

 

19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.

 

Quantos de vocês conhecem O Estranho Caso do Dr Jekyll e Sr Hyde, de Robert Louis Stevenson? O livro de Stevenson tem muito a ver com a moralidade literária da Era Vitoriana e muitos estudiosos acreditam que a estória de Stevenson foi inspirada neste texto de Romanos 7.

 

A maioria de nós sabe que Dr Jekyll era um médico bom em Londres. Em seu porão ele fazia experiências e desenvolveu uma poção que o transformava numa pessoa má chamada Sr Hyde. Stevenson escreve sobre a luta entre o bem e mal que há dentro de cada pessoa. Um ponto importante na estória ocorre quando o Sr Hyde está indo para casa, após outra noite de maldades nas ruas de Londres. Normalmente, a poção perdia seu efeito quando ele chegava em casa, mas dessa vez, ela continuou fazendo efeito por mais tempo. Quando ele subiu as escadas de seu quarto, Dr Jekyll dá uma olhada no espelho e vê o Sr Hyde. E ele diz, “Este também era eu”.

 

De certa forma é isso que Paulo está dizendo aqui. Essa natureza pecadora é parte de nós. “Este também somos nós”. Quão grande é o nosso pecado e quão grande é a nossa luta. Este é o segundo ponto:

 

II. Quão grande é a nossa Luta (21 – 23)

 

Ouçam como Paulo descreve essa luta interna com os mandamentos morais da Escritura, nossa luta interna e conflito com a Lei do Antigo Testamento.

 

21 Acho então esta lei ( é melhor traduzido como “princípio” ou “regra”) em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.

22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

.

 

Há uma outra razão pela qual podemos concluir que Paulo está descrevendo aqui a experiência de um Crente. Ele diz: tenho prazer na lei de Deus, segundo o homem interior, mas – versículo 23:

 

23 Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.

 

Paulo descreve essa luta para obedecer a Lei. Ele diz: eu quero fazer a coisa certa, mas tem essa coisa dentro de mim, essa natureza pecadora bem dentro de mim. Ele descreve essa natureza pecadora como aquilo que “que o prende debaixo da lei do pecado.”

 

Essa palavra “prende” originalmente vem de uma palavra traduzida como “lança”. Ela ilustra dois homens que estão lutando um contra o outro. Um vence o outro e então aponta sua lança contra ele e diz: “Certo, agora venha comigo. Não se mexa ou jogo esta lança em você!”

 

Paulo diz que é isso que está acontecendo com ele. Ele diz: “eu quero fazer o que é certo, viver corretamente, obedecer aos mandamentos morais da Bíblia, mas há esse outro princípio ou lei que está atuando no meu corpo. Essa lei luta contra mim e me prende como se fosse um homem apontando uma lança contra mim. Ela me deixa preso. Eu fico prisioneiro de uma lança. Eu dependo da misericórdia do meu capturador.”

 

Quão grande é nossa luta tentando obedecer a Lei! É completamente impossível. Vocês percebem como é errado o ensinamento que é popular em alguns círculos cristãos que afirmam que é possível que um crente obtenha a “perfeição” deste lado do céu? Alguns na verdade acreditam que é possível que um Crente alcance o nível em que ele não vai mais pecar. Eu gostaria de conhecer alguém assim! Eu abriria aqui em Romanos 7, falaria sobre a grandeza do nosso pecado, e perguntaria a essa pessoa como ela define pecado. Nossa natureza pecadora nos faz prisioneiros na ponta de uma lança. Nós queremos fazer o que é certo, mas não temos força para fazer isso. Quem nos libertará dessa condição de prisioneiro? Esse é o clamor do versículo 24:

 

24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

 

Paulo exclama: “Socorro, estou perdido! Quem me salvará?!” Resposta:

 

25 Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.

 

Aqui está então nosso terceiro ponto:

 

III. Quão grande é nosso Salvador (24-25)

 

24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

 

A palavra “miserável” aqui descreve uma pessoa no limite da exaustão. Ela descreve uma pessoa que tentou e tentou obter paz e não passa de um frustrado. Paulo usa isso aqui para descrever o crente que tentou o seu máximo, com sua própria força, obedecer a Lei. Ele chega ao ponto da exaustão e grita: “Quem vai me salvar?” Sabem como é: “Eu não consigo fazer isso! Eu não consigo ser perfeito! Quem vai me salvar?” Resposta, versículo 25:

 

25 Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.

 

E aí está um resumo de toda a situação. O Crente quer servir a Lei de Deus, ele quer obedecer aos mandamentos morais da Escritura, mas ele falha. Por causa da sua carne, ele está cativo ao pecado. Ele tem essa natureza pecadora dentro dele. E quem o livrará dessa situação difícil? A resposta: Jesus Cristo, nosso Senhor!”

 

E de que forma ele é liberto? Certamente não é no sentido de que ele nunca mais vai lutar contra o pecado. Não! Ele é, todavia, liberto no sentido de que é totalmente perdoado de todos os pecados contra os quais ele luta. Ele está salvo! Ele está perdoado! É isso! Ele chega ao ponto de compreender que isso é precisamente aquilo de que trata o Evangelho. Ele não pode obedecer a Lei. É impossível, até mesmo para um Crente.

 

Então Paulo diz: “Dou graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor!” Aqui está um crente que agora compreende do que se trata o Evangelho. Ele compreende que sua aceitação diante de Deus não está baseada no fato dele cumprir a lei, mas está baseada no fato de Cristo cumprir a Lei para ele! O Crente não pode agradar a Deus obedecendo a Lei. Ele é uma falha total ao fazer isso. Jesus fez tudo. Ele morreu pelos nossos pecados e Ele cumpriu a Lei por nós.

 

Jesus pagou tudo.

Tudo devemos a Ele.

O pecado deixou uma mancha carmesim

Ele a deixou alva como a neve.

 

Agora, Paulo diz que ele compreende o que realmente significa ser salvo, resgatado, e liberto das amarras do pecado e da Lei. Embora ele ainda tenha essa natureza pecadora, ele não está mais sem ajuda e sem esperança preso em sua antiga condição, ligado a “Adão”, tentando obter a aprovação de Deus. Ele está livre dessa impossibilidade e, agora e para sempre, sendo visto por Deus como “em Cristo”.

 

Agora, ele é capaz de viver uma nova vida, em novidade de Espírito. Agora ele é capaz de viver uma vida de boas obras – boas obras não para ganhar a aprovação de Deus – mas boas obras que fluem e emanam naturalmente de um coração agradecido que está para sempre perdoado “em Cristo”. A base da sua aceitação diante de Deus é Cristo Jesus. Tudo foi resolvido em Cristo Jesus. Quão grande é nosso Salvador!

. Fiquem de pé para oração.

 

No próximo capítulo, capítulo 8, Paulo nos conta como o Crente, liberto da Lei do pecado, pode viver o resto de seus dias a vida que Deus o chamou para viver. Mas por agora, deixe-me perguntar a você: “Você foi liberto da Lei e do pecado? Perdido ou salvo, você está olhando para as suas boas obras como a base da sua aceitação diante de Deus – ou você está olhando para Cristo como a base da sua aceitação? Olhe para Cristo e seja salvo!