Uma Igreja que Recebe Pecadores

Uma Igreja que Recebe Pecadores

Lucas 15:11-32

“Uma Igreja que Recebe Pecadores”

(Lucas 15:11-32)

Série: Certeza em Tempos Incertos

Rev. Todd A. Linn, PhD

Primeira Igreja Batista de Henderson, Henderson

Peguem suas Bíblias e abram em Lucas, capítulo 15 (Pg 704; YouVersion)

Enquanto você procura, quero lembrá-lo sobre a importância de ficar conectado a um pequeno grupo em uma classe da escola Bíblica Dominical. Se você não está em nenhuma classe pergunte sobre uma classe que você possa visitar e veja nosso website onde todas as classes estão relacionadas. Todo Cristão precisa estar envolvido em um pequeno grupo e em um grande grupo.

Esta manhã no grande grupo estamos vendo o capítulo 15 do Evangelho de Lucas. Estamos caminhando, versículo a versículo, através do Evangelho de Lucas, crendo que a pregação expositiva, versículo a versículo, seja o melhor caminho para pregar, ensinar e aprender a Bíblia. Assim veremos nesta manhã o que é comumente chamado de a parábola do filho pródigo. É a terceira de três parábolas que Jesus conta no capítulo 15. Vimos na vez passada as parábolas da ovelha perdida e da dracma perdida. Hoje veremos a parábola do filho perdido.

Fiquemos de pé em honra à leitura da Palavra de Deus. Além de lermos primeiramente todo o texto–versículos 11-32–vamos ler os versículos da passagem do filho pródigo.

Se perguntarmos, “Por que Jesus conta essas três parábolas?” a resposta nos é dada conforme olhamos o contexto. O contexto é sempre a chave e o contexto dessas três parábolas está localizado nos primeiros três versículos do capítulo 15. Lucas escreve no versículo 1 que “todos os coletores de impostos e pecadores se dirigiram a Jesus para ouvi-Lo e os Fariseus e os escribas reclamaram.” Qual era a reclamação? Versículo 2, eles disseram, “Este Homem recebe pecadores e come com eles.” As pessoas religiosas reclamaram que Jesus estava andando com os excluídos. Então o que Jesus faz? Versículo 3, “Então Ele lhes conta essa parábola” – e tecnicamente você tem aqui uma parábola com três ilustrações – a parábola da ovelha perdida (versículos 4-7), a parábola da moeda perdida (versículos 8-10) e a parábola do filho perdido (versículos 11-32). Parábolas são realmente legais, pequenas estórias que nos levam a um ponto principal. O ponto principal aqui nas parábolas do capítulo 15 é que o gracioso amor e misericórdia de Jesus são estendidos aos excluídos e ao mais desprezível pecador. Jesus veio pelo excluído e assim, Jesus conta essas três estórias para ilustrar Seu amor pelo rejeitado, Seu amor pela pessoa perdida; um amor ilustrado no abraço do pastor na ovelha perdida, uma mulher abraçando a moeda perdida, e hoje um pai abraçando um filho perdido.

Vamos orar.

Introdução:

Um dos desafios de pregar uma passagem cheia de tantos ensinamentos é não dizer tudo que você gostaria de dizer. Há tanto aqui nessa parábola que pregadores e professores devem lutar contra a vontade de trazer tudo à tona de seus estudos no púlpito. Existe um ditado antigo na pregação que diz que devemos ter mais guardado no estoque do que exposto na vitrine. Um comerciante não tem tudo exposto para venda, mas o melhor de tudo está guardado no estoque. E assim, pregadores não devem trazer tudo no sermão, mas a essência de seus estudos. Mas é claro, a maioria de nós pregadores nos achamos durante a pregação indo constantemente ao estoque e trazendo mais coisas do que podemos resistir em compartilhar. Somos parecidos com o poeta japonês que não pode resistir à vontade de prestar mais informação que o necessário:

“Certa vez houve um poeta do Japão

Cuja poesia longa ninguém poderia esquadrinhar.

Quando foi dito isso

Ele disse, “Sim, sim eu sei,

Mas tento colocar tantas palavras quanto posso na última linha!”

E quando pregamos uma passagem como a parábola do filho pródigo, há tanto que gostaríamos de falar que isso requer grande disciplina para se conter. Quero tratar essa passagem um pouco diferente. Quero aplicar a passagem à maneira que pensamos de nós mesmos como igreja. Retirando do contexto dos primeiros versículos, quero que pensemos sobre o que significa ser uma igreja que recebe pecadores. Mas primeiramente, vamos prosseguir versículo a versículo, através dessa prazerosa parábola, a parábola do filho pródigo – e percebemos bem no início que na verdade é uma parábola de dois filhos – veja o versículo 11 e seguintes:

11 E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

12 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

13 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.

Essa palavra “pródigo” significa desperdício. A ideia é que esse filho desperdiçou a herança de seu pai com vinho, mulheres e cantoria. Só estragou tudo. O filho pediu sua herança antecipadamente. O livro de Deuteronômio e a tradição Judaica contam como os filhos recebem a herança familiar. Nesse caso o filho mais velho deveria receber dois terços e o filho mais jovem um terço do patrimônio. Se houvesse irmãs, o filho mais jovem receberia pouco menos de um terço de forma que houvesse dinheiro para o dote das filhas. A divisão do dinheiro normalmente acontecia com a morte do pai, mas esse filho mais jovem – ansioso por sua parte – insulta seu pai pedindo pelo que seria dele, antes de seu pai morrer. De certo modo suas ações poderiam ser consideradas como se ele desejasse a morte de seu pai.

14 E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.

15 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.

16 E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.

Assim o filho mais novo realmente chegou ao fundo do poço. O povo Judeu ouvindo Jesus contar essa estória se deu conta de que esse filho mais novo estava no fundo do poço quando Jesus disse que tinha um emprego de alimentar suínos. Porcos eram ritualmente considerados animais impuros, assim ter um emprego lidando com porcos significava que a pessoa não tinha a quem recorrer. Talvez seus antigos amigos o viram alimentando porcos e suspiraram, “Que vergonha! Porcos!” Esse filho mais novo desperdiçou a herança de seu pai, gastando tudo. Ele não tinha nada para comer. Ele tinha um emprego no qual provavelmente ganhava menos de um salário mínimo, cuidando de porcos. Ele estava com tanta fome que ao alimentar os porcos ele sentiu que poderia comer a comida dos porcos. Isso é realmente o fundo do poço. Eu amo a primeira parte do versículo 17! Diz, “E tornando em si.” É como se ele balançasse a cabeça e de repente percebesse o quão baixo ele havia caído.

17 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

18 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;

19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

Versículos 17 a 19 são um bom retrato do arrependimento bíblico que se pode encontrar entre as parábolas. O filho mais novo “veio a si.” Nós temos que “vir a nós mesmos antes de ir a Deus.” nós temos que vir a nós mesmos. Temos que ser honestos quanto a nossa condição – perdidos, pobres espiritualmente, cegos e aleijados. Temos que vir a nós mesmos antes de irmos a Deus. Então esse filho mais novo torna a si. Em essência ele diz, “Eu preciso me arrepender – deixar os meus caminhos e me voltar ao meu pai. Eu serei honesto. Eu irei ao meu pai e direi que pequei contra o céu e pequei contra ele também. Eu sei que nem mesmo mereço ser chamado de filho. Então pedirei ao meu pai por misericórdia e que me deixe apenas viver como um escravo em sua casa.” Versículo 20:

20 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

Simplesmente lindo, não? Um lindo retrato do amor de Jesus Cristo pelos excluídos. O pai na parábola está esperando o retorno de seu filho. O pai vê seu filho caminhando em direção ao lar e corre em direção ao seu filho e quase bate seu filho em amor, caindo sobre seu pescoço e beijando-o. O verbo Grego descreve uma ação repetida, contínua. O pai beija seu filho repetidas vezes. E o filho é tão penitente, tão cheio de vergonha e culpa. Ele está com seu discurso preparado, versículo 21:

21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;

23 E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;

24 Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.

Assim aqui está um filho cheio de vergonha e culpa por ter disonrado seu pai. Ele disperdiçou e gastou tudo que tinha e só quando esteve sem comida e dinheiro, ele pensa em voltar para casa. Ele espera que seu pai o deixe voltar mesmo que seja para ser um escravo na casa de seu pai, mas seu pai não quer ouvir nada disso. Seu pai – transbordando de alegria com a visão de seu filho – dá uma festa. Ele o veste com roupas reais. Digo, o filho nem tinha tomado banho ainda e seu pai coloca sobre ele um manto suntuoso e um anel em seu dedo – um anel que indicava uma posição especial como filho. E o pai não deixaria o filho descalço nunca mais. Escravos andam por aí descalços. Ele colocou calçados nos pés dele. E então é hora da festa! Ele manda matar um novilho cevado. Raramente se comia carne no jantar. Famílias Judias tinham carne somente em ocasiões especiais. Essa era uma ocasião especial. Festa.

Então mais uma vez existem três temas nas três parábolas aqui, da ovelha, da moeda e do filho. Você tem três temas de perdas, de encontro e alegria. Uma ovelha perdida, a moeda perdida, o filho perdido. A ovelha encontrada, a moeda encontrada e o filho encontrado. Alegria da ovelha encontrada, alegria da moeda encontrada e alegria do filho encontrado.

Mas a parábola prossegue. Não terminou. Lembre – versículo 11 – “um certo homem tinha” quantos filhos? “Dois filhos.” Um filho mais novo e um filho mais velho. Versículo 25:

25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.

26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.

27 E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.

28 Mas ele se indignou, e não queria entrar.

29 E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

31 E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;

32 Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.

E a parábola termina com esse filho mais velho com raiva do lado de fora da casa, se recusando a participar da festa pelo retorno de seu irmão mais novo. O pai sai ao encontro dele e suponho que eles estejam de pé na varanda, o pai suplicando a seu filho para que entre e celebre e ele cheio de raiva se recusando a entrar.

Agora, lembre porque Jesus conta essa parábola. Ele contou essa parábola porque os escribas e Fariseus murmuraram por Jesus acolher e receber pecadores. Assim estamos capacitados a juntar as peças aqui. O filho mais novo na parábola é um desses pecadores. O pai na parábola é Jesus que estende amavelmente seu amor e misericórdia aos pecadores. E o filho mais velho? Quem é o farisaico filho mais velho na parábola? Ninguém senão os escribas e Fariseus.

Jesus é um fantástico contador de estórias. Eu quero dizer que ele está contando essa estória e então chega ao fim e joga uma bomba inteligente que oblitera a hipocrisia farisaica de todo escriba e Fariseu que estava ouvindo. Esse é o pulo do gato, o clímax da estória. Os escribas e Fariseus hipócritas que haviam murmurado nos versículos 1 e 2 receberam um espelho dado por Jesus. Jesus diz, “Vocês se veem nessa estória? Vocês se identificam com o irmão mais velho? Com raiva? Recusando celebrar o fato de que o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido? Recusando celebrar o fato de que Eu vim como um médico não para aqueles que pensam que estão bem, mas àqueles que sabem que estão doentes? Camaradas vocês são o irmão mais velho nessa estória!”

Perceba que essa passagem não é tanto sobre evangelismo quanto é sobre hipocrisia. Essa passagem nem é tanto sobre uma pessoa perdida sendo salva quanto é sobre a exposição da hipocrisia daqueles que falham ao ver Jesus como Aquele cujo amor se estende ao mais baixo dos menores.

E a artimanha é a seguinte: o espelho que Jesus coloca diante dos escribas e Fariseus – nós também temos que olhar para esse espelho. Temos que nos perguntar o que vemos. Nós somos a igreja do irmão mais velho ou somos a igreja do pai misericordioso? Somos a igreja que recebe pecadores?

John Piper observa, “Essa é uma passagem para aqueles que vão à igreja por um longo tempo…pessoas que não se esforçam muito com as coisas de Deus tanto quanto se esforçam para condenar quem o faz. Essa é uma passagem para pessoas que tendem a pensar que as outras pessoas é que precisam dessa passagem.”

TODOS nós precisamos dessa passagem! Então vamos nos lembrar do contexto aqui conforme consideramos duas marcas de uma igreja bíblica, uma igreja que recebe pecadores. Uma Igreja que Recebe Pecadores Entende duas coisas, primeiramente:

1) TODO MUNDO é bem-vindo TODO MUNDO é Pecador

Não há alguém que não seja bem-vindo na igreja. A igreja é para pecadores. Eu e Michele estivemos em uma pequena cidade noite passada e vi uma placa que dizia, “Igreja para Todos.” Esse era o nome real da igreja, “Igreja para Todos.” Admito que meu pensamento inicial foi que provavelmente essa era alguma igreja liberal onde não importava a sua crença e talvez seja isso, não sei. Mas a frase está correta: Igreja para todos. Todo mundo é bem-vindo porque todos são pecadores.

O problema com os escribas e Fariseus era que eles acreditavam que algumas pessoas não eram bem-vindas de estarem com Jesus até que fossem “limpas” primeiramente. Aqui estava Jesus indo pelo caminho, alcançando os pecadores.

Agora, tem gente hoje que levou isso muito longe, sugerindo que, já que Jesus ficava com pecadores então não tem problema ir ao bar e tomar uma cerveja com um pecador, não tem problema ir ao hipódromo e apostar com pecadores, e assim por diante. Supostamente isso tudo é um esforço de estar com pecadores como Jesus esteve com pecadores. Mas Jesus “esteve” com as pessoas com o evangelismo em vista. Ele não desculpou o comportamento mundano das pessoas com as quais compartilhou uma refeição, mas Ele aproveitou a oportunidade de Se revelar como Aquele que veio para cumprir a profecia que Ele leu na sinagoga lá atrás no capítulo 4, no início de Seu ministério:

“O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos (Lucas 4:18-19).”

Jesus vai no meio de todas as pessoas, revelando a Si mesmo como o Messias – o Salvador prometido – de todas as pessoas, das pessoas boas e pessoas más também. Conforme coloca Robert Stein, “Para Lucas havia uma diferença distinta entre aqueles que saem e ministram em nome de Jesus e AQUELE que sai e ministra em seu PRÓPRIO nome.”

Jesus vem para salvar pecadores. Então temos que examinar se estamos parecidos com o irmão mais velho, presunçosamente olhando altivamente para aqueles que pensamos ser menos dignos do Evangelho. Todos somos pecadores, cada um de nós.

Uma igreja que recebe pecadores entende que todos são bem-vindos porque todos são pecadores. Em segundo lugar, Uma Igreja que Recebe Pecadores Entende que:

2) NINGUÉM Merece Perdão porque NINGUÉM é Justo

Talvez esse seja o ponto mais importante a se tirar nesta manhã. Ninguém MERECE perdão porque NINGUÉM é justo.

Você vê o farisaísmo no irmão mais velho. Ele estava com raiva e ele não iria entrar na casa para celebrar o fato de seu irmão mais novo – que não era bom, um sujo pecador – ter retornado para casa. Ele estava com raiva. Seu pai sai para implorá-lo a entrar. O que ele diz? Ouça seu tom farisaico, versículo 29 e seguintes:

29 E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

Você ouviu o farisaismo nessas palavras? “Ei, pai. Você não percebeu o quão bom eu tenho sido? Esse seu outro filho desperdiçou sua riqueza e se foi por um longo período, foi para longe, gastando tudo com prostitutas e quem sabe com o que mais! E eu onde estive, pai – ãh?! Estava bem aqui fazendo o que era certo a cada santo dia sem exceção.”

E o filho acrescenta, “Esse tempo todo você nem mesmo me deu um pequeno cabrito para comer. Você nunca deu uma festa para mim para me recompensar pela minha justiça. Mas assim que esse seu filho volta, bem! Você mata um novilho cevado para ele.”

Você ouve o farisaismo nessas palavras? O filho mais velho está dizendo, “Eu MEREÇO mais. Eu mereço mais. Tenho sido bom. Eu mereço mais.”

Talvez este seja o maior desafio em nossas igrejas hoje: o farisaismo e um sentimento de direito aos privilégios e bênçãos de Deus. Preste atenção nisso esta semana: “Ela realmente não MERECE isso que está acontecendo com ela.” “Ele realmente não MERECE o que Deus permitiu que acontecesse a ele.”

Quem de nós merece algo?

Uma igreja que recebe bem a pecadores entende que ninguém merece perdão porque ninguém é justo. A razão dos escribas e Fariseus não poderem se regozijar no amor de Jesus pelos excluídos é porque ELES NÃO SE VIAM COMO EXCLUÍDOS!!

Nunca seremos capazes de amar os outros como Deus ama os outros até que entendamos como Deus nos ama. Nunca seremos capazes de perdoar os outros como Deus perdoa até que entendamos como Deus nos perdoa. Temos que ver a nós mesmos como excluídos antes que possamos amar outros excluídos.

Desde que você se considere, de alguma forma, melhor que os outros devido ao seu dom, habilidade natural, riqueza ou talento, você não saberá nada do amor de Deus. Você sentirá que Deus DEVE a você. Você se sentirá MERECEDOR do amor dEle.

Existem muitos Cristãos que pensam de seu relacionamento com Deus da mesma forma que esse irmão mais velho pensa de seu relacionamento com seu pai. Deus é visto por eles como um mestre, dono de escravo, que dita leis para serem cumpridas. Se você cumpre as leis, você merece seu favor. Você ouve isso do irmão mais velho no versículo 29:

29 E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

Você vê isso? “Eu te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, eu MEREÇO mais!” de alguma forma, o irmão mais velho tinha em sua mente que sua aceitação ou posição era baseada em sua performance. Ele vestiu seu próprio manto de justiça. Isso é legalismo puro e simples – religião baseada em desempenho. Esses escribas e Fariseus estão com raiva porque os excluídos estão recebendo salvação sem ter que carregar o peso da obediência em manter a lei.

Alguns de vocês vieram de igrejas assim. “Mantenha esses mandamentos se você quer que Deus te ame mais. Falhe em manter esses mandamentos e Ele vai esquecer você!” Ensinaram a você a teologia errada do irmão mais velho. Você buscou a aprovação de Deus da maneira que o irmão mais velho buscou a aprovação de seu pai. “Veja o que tenho feito! Veja o quão bom tenho sido! AQUELE camarada ali não é tão bom quanto eu sou! Me abençoe, me recompense pelo meu desempenho. Eu MEREÇO isso!!”

Mas ao invés de usarmos nosso próprio manto de justiça, devemos permitir que Jesus nos vista com a justiça dEle. Então cantaremos alegremente com o escritor do hino:

Minha esperança está firmada em nada menos

Que no sangue e na justiça de Jesus…

…Cobertos pela Sua justiça somente,

Irrepreensíveis diante do trono.

Fiquemos de pé para a oração.