Recebendo o Reino como uma Criança

Recebendo o Reino como uma Criança

“Recebendo o Reino como uma Criança”
(Lucas 18:15-17)
Série: Certeza em Tempos Incertos (Lucas)
Rev. Todd A. Linn, PhD
Primeira Igreja Batista de Henderson, Henderson

Peguem suas Bíblias e abram em Lucas, capítulo 18 (pg 706).

Se você está nos visitando, estamos pregando, verso a verso, o Evangelho de Lucas. Nossa Missão começa com a frase, “Valorize a Palavra.” Nós fazemos cinco coisas: Valorizamos a Palavra, Compartilhamos o Evangelho, Fortalecemos a Família, Servimos a Comunidade e Alcançamos o Mundo. A melhor maneira de valorizar a Palavra é estudá-la verso a verso. Assim, estamos no capítulo 18, paramos anteriormente no verso 14 e prosseguiremos nesta manhã a partir do verso 15.
O contexto é sempre importante quando lemos a passagem da Escritura. Na verdade, o contexto é a principal chave para uma precisa interpretação bíblica. O contexto é mais importante que conhecer as línguas originais Hebraica, Aramaica e Grega. O contexto é o carro-chefe!
Isso é falado com frequência, “Um texto sem contexto se torna um pretexto para provar o texto.” Isso significa que se eu apenas pegar uma passagem ou um verso fora do lugar no qual foi colocado para meu adequado entendimento, se eu simplesmente retirar o verso de seu contexto sem me preocupar com seu significado, então eu poderei usar aquele texto para meus propósitos a fim de provar o que desejo. Políticos são bons em fazer isso. Não tenho certeza de que eles querem fazer isso ou até mesmo saibam que estão fazendo, mas fazem o tempo todo. Com frequência você ouvirá algum candidato político – não importa o partido – você ouvirá um candidato usar algum verso da Escritura em seu discurso político e, mais que nunca, ele terá tirado um texto do contexto para “encaixar” ao seu discurso. Não precisamos citar qualquer exemplo, vocês são pessoas sensíveis. Vocês sabem quando isso acontece.
Então o contexto é a chave. Qual o contexto dessa pequena passagem da Escritura – versos 15-17? Talvez você tenha lido esses versos anteriormente e pensou, “Essa é uma linda passagem onde Jesus ama as criancinhas! Jesus ama os bebes! Eu amo Jesus, Ele está sempre amando os pequenos. Esta é uma doce passagem da Escritura.” Bem, e ela é. É uma doce passagem que destaca, dentre outras coisas, o amor de nosso Senhor pelas crianças. Isso é muito evidente. Eu quase sempre penso em uma canção da infância que eu ouvi muitos, muitos anos atrás:
Quando os pais trazem as crianças para Jesus abençoar
Seus seguidores perceberam sua necessidade de descansar.
E, conhecendo as crianças, barulhentas ao brincar,
Eles disseram aos pais, “Por favor, leve-as daqui já.”

Mas Jesus disse, “Traga-as as crianças a mim.
O reino dos céus é delas, sabia.”
E abraçando-as bem de perto, Ele as abençoou e sorriu.
“Quem quiser entrar deve vir como uma criança.”

As crianças eu sei que são barulhentas, é verdade;
Curiosas, abertas e amáveis também.
Então talvez o reino de Deus seja assim
Um círculo de amor, cheio de pessoas como eu.

Não é uma canção ruim e mostra o amor de Jesus Cristo e a abertura das crianças a esse amor e assim por diante. Eu adoro ouvir as criancinhas cantar isso. Ao mesmo tempo, contudo, isso realmente não está nas questões contextuais do porque exatamente Lucas posicionou essa passagem de Jesus entre dois poderosos ensinamentos de Cristo.
Então antes de lermos a passagem deixe-me convidá-lo a lembra que Jesus tinha acabado de contar a parábola do fariseu e do publicano. Estudamos isso na semana passada. Você se lembra que o fariseu só pensava em si próprio: “Senhor, olha para mim, como sou justo; jejuo duas vezes na semana e dou não apenas os 10% de dízimo do que ganho, mas dou o dízimo de tudo que possuo.” O publicano por outro lado nem levantava seus olhos para o céu, mas batia no peito e dizia, “Deus, tenha misericórdia de mim – o pecador.”
Esta história precede nosso texto desta manhã e vamos seguir em frente e visualizar o que se segue a ele – uma história que veremos com mais detalhe na próxima semana, uma história que é introduzida por esta pequena passagem dos versos 15-17. E a passagem que se segue, versos 18 e seguintes, é a conhecida passagem de todos, chamada “o jovem rico” que pergunta a Jesus, “O que devo fazer para herdar a vida eterna?” E leremos a respeito de uma camarada que precisa despir-se totalmente de tudo para depender totalmente de Jesus Cristo.
Assim, você tem essas duas histórias, uma precedendo nossa passagem e a outra logo após a esta passagem – ambas ensinando com o que o verdadeiro discípulo se parece, ambas ensinando sobre a postura e posição daquele que acessa o reino de Deus, ambas ensinando como é o verdadeiro discípulo. É importante que nos lembremos disso enquanto estudamos a passagem juntos. Caso contrário, acharemos que isso é apenas uma boa historinha de Jesus amando bebes e assim por diante.
Deixe-me convidá-lo a ficar de pé em honra à leitura da Palavra de Deus.

15 O povo também estava trazendo criancinhas para que Jesus tocasse nelas. Ao verem isto, os discípulos repreendiam os que as tinham trazido.
16 Mas Jesus chamou a si as crianças e disse: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.
17 Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”.

Oração.

Introdução:
Eu creio que já contei anteriormente a vocês a estória do sábio que estava meditando no rio. Ele foi interrompido em suas meditações por um homem jovem que se aproximou dele. O jovem disse, “Mestre, eu quero ser seu discípulo.” O sábio disse, “Por que?” O jovem respondeu, “Porque eu quero encontrar a Deus.” O sábio deu um salto e o agarrou pelo cangote, arrastou-o para o rio e o mergulhou na água. O sábio segurou o jovem debaixo d’água por um minuto, e enquanto isso, o jovem estava chutando e lutando para se libertar. Finalmente, o sábio mestre tirou o jovem da água. Ele estava tossindo água e tentando retomar seu fôlego. Finalmente ele se acalma e o sábio mestre diz, “Diga-me o que você mais desejou quando esteve debaixo d’água?” O camarada respondeu, “Ar!” E o mestre disse, “Muito bem. Vá para casa e retorne a mim quando você quiser a Deus tanto quanto você desejou o ar.”
Eu não sei se isso realmente aconteceu, mas sei que a estória retrata, de forma precisa, o tipo de dependência de Deus que é necessária aos seguidores de Cristo. Nós somos totalmente e completamente dependentes de Deus para tudo e, portanto, devemos desejá-lO tanto quanto desejamos o ar que respiramos.
É isso o que essa passagem diz respeito? Eu acho que sim. Vamos voltar a esses três versos e falaremos sobre algumas coisas aqui, mas quero que você se lembre desse assunto de nossa dependência de Deus e vamos ver se não é isso o que Lucas quer nos enfatizar. Estão com suas Bíblias abertas? Vejam novamente o verso 15:
15 O povo também estava trazendo criancinhas para que Jesus tocasse nelas. Ao verem isto, os discípulos repreendiam os que as tinham trazido.
Jesus tinha acabado de ensinar a parábola do fariseu e do publicano. Ele tinha acabado de falar sobre o problema da justiça própria e então esses pais se aproximam dEle, segurando bebes em seus braços. Essas eram crianças pequenas, muitas eram bebes conforme diz o verso 15. Elas eram bebes. Você se lembra de quando era bebe? Provavelmente não. Você pode se lembrar de quando tinha 4 ou 5 anos, mas você não se lembra de quando era um bebe, usando fraldas, incapaz de falar sua língua, incapaz de andar e coisas do tipo.
Então esses pais estão se aproximando de Jesus. O verso 15 diz, “O povo também estava trazendo criancinhas para que Jesus tocasse nelas.” Mas o tempo empregado aqui é o imperfeito, assim, o sentido é “O povo estava trazendo.” Isto é, eles estavam fazendo isso com frequência. Isso aconteceu bastante. Pessoas estavam trazendo essas crianças para Jesus para que Ele as tocasse.
Isso não era incomum. Era costume dos pais Judeus trazer bebes e crianças pequenas aos rabis Judeus com o propósito de imporem as mãos sobre elas e as abençoarem. Era um costume tão antigo quanto o Livro de Gênesis. Você vai se lembrar de quando Jacó impoz suas mãos sobre Efraim e Manassés (Gênesis 48:14) e pronunciou uma benção sobre os dois garotos.
Embora meus garotos não sejam mais crianças pequenas, eu ainda faço isso hoje. Frequentemente quando oro por eles ou pronuncio uma benção especial sobre eles, eu coloco minha mão direita sobre suas cabeças ou ombro, normalmente sobre a cabeça, e oro ou pronuncio uma benção sobre eles.
Antes de meu filho mais velho ir para faculdade no outono passado, tivemos um jantar especial de despedida, um “jantar abençoado,” em que convidamos pessoas que influenciaram seu desenvolvimento ao longo dos anos, especialmente seu desenvolvimento espiritual. E algum tempo depois do jantar, eu li uma benção especial ao meu filho que eu escrevi e coloquei minha mão sobre ele e pronunciei uma benção. Pouco depois que meu filho ajeitou o dormitório na faculdade, ele entrou em contato comigo e disse-me que queria uma cópia da benção para ter com ele.
Há algo sobre o toque físico e a palavra de benção que afirma uma criança ou pessoa de qualquer idade. É isso o que estava acontecendo aqui nesta passagem. Esses pais estavam levando crianças para Jesus com o propósito dEle impor as mãos sobre elas, provavelmente sobre suas cabeças e pronunciar uma benção sobe elas.
Eu gosto de visitar recém-nascidos nos hospitais. Não vou a todos eles, mas eu tento. E eu gosto de ver o bebe recém-nascido. E embora eu fique às vezes um pouco receoso de segurar um pequeno bebe de tenra idade de apenas algumas horas de vida, eu gosto de orar com os pais pelo futuro crescimento espiritual da criança. É um tempo de benção espiritual e afirmação. Então é uma coisa boa o que está acontecendo aqui no verso 15.
Infelizmente a segunda parte do verso diz, “Ao verem isto, os discípulos repreendiam os que as tinham trazido.” Eles repreenderam os pais por trazerem as crianças a Jesus. Não sei porque. Lucas não nos conta o motivo. Talvez pensaram que Jesus estava muito ocupado para ser incomodado por essas criancinhas. Talvez eles pensaram que Ele estava “acima” dessas crianças e era indigno para Ele gastar qualquer tempo com elas.
Afinal de contas, crianças eram tidas por muitos no tempo de Jesus como coisas pequenas que ficavam no caminho de coisas mais importantes. Crianças eram frequentemente vistas da mesma forma que as pessoas no Antigo Oriente via os leprosos, coletores de impostos e até mulheres. Elas eram parte dos “párias” da sociedade. Isso pode parecer estranho para nós. Nós vivemos em mundo centrado na criança aqui no Ocidente. Fomos para o outro extremo. Temos crianças mandando em seus pais e mandando em seus lares, dizendo às mães o que elas “devem ter” na fila do caixa do Walmart. Elas farão uma cena até que a mãe cede e compra a coisa boba que estava pendurada no gancho momentos atrás. Ainda seus nomes são orgulhosamente mostrados nos para-choques de muitos automóveis: “Meu Filho é um Gênio.” Não sei não. Quando passo por essas minivans e vejo o pequeno gênio dentro, de nariz em pé, não sei não!
As crianças no tempo de Jesus eram consideradas incômodas. Então os discípulos estão como quem faz, “Ei, tira essas crianças daqui!” Verso 16:
16 Mas Jesus chamou a si as crianças e disse: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.
E Jesus diz, “Ei, espera um minuto! Não as proíba! Deixe esses pais trazerem as crianças. Afinal de contas, o reino de Deus é para aqueles que são como ‘as tais.’” Isto é, “O reino de Deus pertence aos ‘tais como estes.’” Ou ainda colocando de outra maneira, “Entra-se no reino – Entra-se nos céus – sendo como uma criança.” Isso não significa ser “infantil,” mas ser “como uma criança.”
Agora isso provavelmente não foi o suficiente para os discípulos entenderem o que Jesus estava querendo dizer, então Ele diz no verso 17:
17 Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”.
Alguns comentadores dizem, “Bem, aqui está o que Jesus quer dizer no verso 17. Ele já o disse no verso 14, ‘Aquele que se humilhar será exaltado,’ assim, Jesus está dizendo que devemos nos humilhar como uma criança.” Eu acho que sei o que as pessoas querem dizer com isso, mas eu tenho um pequeno problema com isso. Você conhece alguma criancinha ou melhor ainda – verso 15 – um bebe naturalmente “se humilha?” Um bebe está naturalmente disposto à humildade?
Não muito depois de nascido o bebe é egocêntrico ou egocêntrica. Ele chora e resmunga, pede comida, atenção ou quer dormir. “Me dá, me dá, me dá!” Qual a mãe que não deseja que se recém-nascido dissesse uma noite, “Sabe de uma coisa, eu percebi que você não tem dormido há alguns dias então pensei que poderia me humilhar e tomar conta de mim mesmo, sabe como é, e você vai para cama e dorme a noite toda. Não se preocupe comigo. Sem essa de ‘faça tudo por mim,’ eu me cuido sozinho. Você pode ir dormir agora!”
Bebes e criancinhas não sabem nada ou muito pouco de se humilharem. Por outro lado, se por humildade queremos dizer que alguém não pode fazer nada para se ajudar, agora eu acho que estamos chegando ao ponto do que Jesus está ensinando aqui. Um bebe não pode fazer nada para se ajudar, não é verdade? Nada.
Assim, à luz do contexto aqui: a passagem anterior sobre o camarada que pensa que pode fazer por si mesmo, o fariseu hipócrita, “Olhe para mim, Deus, o que tenho feito” e então a passagem seguinte, a passagem sobre o jovem rico, um homem de proeminência e posição, um homem que pergunta a Jesus, “O que devo fazer para herdar a vida eterna?”, entre essas duas passagens encontramos uma declaração onde Jesus diz, “Se você realmente quer ser Meu discípulo, eis o acordo: você não pode fazer coisa alguma, mas dependa totalmente de Mim.”
Percebem que eu tenho um sermão incomum esboçado nesta manhã. Não me lembro a última vez que esbocei algo assim. Tenho apenas um único ponto. Vocês sabem, na pregação, a piada é que todo sermão tem três pontos, “três pontos e um poema,” diz o ditado. Bem, na verdade um sermão deve ter tantos pontos quanto o texto pregado tenha. Se o texto faz três pontos, o sermão deve ter três pontos. Se o texto tem quatro, então quatro no sermão. Se o texto tem dois pontos, tem que ter dois pontos no sermão. Todo sermão deve ter “um” ponto, vocês não acham?! Então aqui está o ponto. Aqui está um único ponto principal que eu acredito que nós devamos tirar dessa pequena passagem e que será de muita ajuda para nós na semana que vem quando estudaremos a passagem seguinte. Aqui está:
“Eu devo Depender Totalmente de Deus para Absolutamente Tudo.”
Se isso for tudo o que você vai lembrar de nosso estudo nesta manhã, está ótimo. Vamos dizer isso juntos: “Eu devo depender totalmente de Deus para absolutamente tudo.” Alguém pergunta para você mais tarde, “O que você aprendeu no sermão desta manhã?” Resposta: “Eu devo depender totalmente de Deus para absolutamente tudo.”
Como um bebe ou uma criança pequena que depende totalmente de seus pais para absolutamente tudo, nós devemos depender de Deus para absolutamente tudo. O reino de Deus “pertence aos que são como estes,” pessoas que dependem de Deus para absolutamente tudo. Esse é o ponto principal dessa passagem.
Você quer estar dentro do reino de Deus? Você terá que depender de Deus para absolutamente tudo. Jesus diz, “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”. Colocando de forma positiva, “Quem receber o Reino de Deus como uma criança – SEM CONTAR EM SI MESMO PARA NADA – mas dependendo totalmente de Deus para absolutamente tudo, esses entrarão no reino de Deus”.
Lembre do escritor de hinos, Augustus Toplady, e o grande hino, “Rock of Ages.”
Nada em minhas mãos eu trago,
Simplesmente à cruz eu me apego;
Nu, venho a Ti para vestir;
Desamparado olho a Ti pela graça;
Falta, eu para a fonte voo;
Lava-me, Salvador, ou eu morro.

Você quer entrar no reino de Deus? Você terá de recebê-lo como uma criança, sem esperança, impotente, completa e totalmente dependente de Deus para qualquer ponta de salvação.
Paulo diz em Efésios 2:8-9, “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.”
Justiça própria é o tipo de coisa que é impossível para um bebe. Um bebe não engatinha falando com Deus como o fariseu hipócrita ou o jovem rico. Um bebe é completamente e totalmente dependente da provisão de outra pessoa.
Confie em Deus para sua salvação e confie em Deus para sua provisão. Confie nEle para suprir toda a sua necessidade.
Alguns de vocês protestaríam, “Mas pastor, você não sabe o que estou passando! Você não sabe o que estou enfrentando!”
Eu não sei COMO vou fazer isso.
Eu não sei ONDE isso vai dar.
Eu não sei SE vou passar por isso.
Preste atenção: como uma criancinha é incapaz de se vestir, se alimentar, cuidar de si mesma e, como essa criancinha depende totalmente de alguém para atender suas necessidades, DEPENDA TOTALMENTE DE DEUS PARA ABSOLUTAMENTE TUDO!
Confie em Deus para suprir todas as suas necessidades.

Não te assombres com o que quer que te aconteças,
Deus cuidará de ti!
Debaixo de Suas asas de amor permaneças,
Deus cuidará de ti!

Deus cuidará de ti,
Todos os dias e por todo caminho;
Ele cuidará de ti;
Deus cuidará de ti!

Fiquemos de pé para orarmos.