Orgulhoso de Sua Humildade?

Orgulhoso de Sua Humildade?

Orgulhoso de Sua Humildade?
(Lucas 18:9-14)
Série: Certeza em Tempos Incertos
Rev. Todd A. Linn, PhD
Primeira Igreja Batista de Henderson, Henderson

Peguem suas Bíblias e abram em Lucas, capítulo 18 (pg 706); YouVersion Bible App, clique em “Live Events.”

Nós paramos na última ocasião no verso 8 do capítulo 18, assim, iremos prosseguir do verso 9. Contextualmente, se você rever o verso 8 em sua Bíblia, lá você verá que Jesus perguntou, “Quando o Filho do Homem vir – isto é, quando Cristo voltar – irá encontrar fé na terra?” Então, o que temos nos próximos versos é a parábola sobre com o que se parece essa fé. Temos a parábola de duas pessoas: uma que não será encontrada com fé quando o Filho do Homem voltar e uma que será encontrada com fé quando o Filho do Homem voltar. Preste atenção nisso enquanto leio os versos 9-14.

Por favor, fiquemos de pé em honra à leitura da Palavra de Deus.

9 A alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola:
10 “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano.
11 O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano.
12 Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’.
13 “Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’.
14 “Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.

Oração.

Introdução:

Ontem foi um tempo juntos de muita inspiração e encorajamento em nosso Segundo Encontro Anual de Pais. Tommy Sanders foi um ótimo preletor e deu muita ajuda prática para muitos de nossos jovens casais e famílias experientes. Tommy tem muitas ilustrações e ele esteve compartilhando uma sobre o perigo da familiaridade e como podemos nos acostumar com algo mesmo que isso não seja de nosso interesse. Ele falou sobre morar próximo ao aeroporto e quando ele se mudou para a casa, ele não ouvia nada além de aviões voando sobre sua cabeça por horas. Para um camarada que adora silêncio, ele disse que isso foi algo muito frustrante quando ele se mudou para a casa. Morando lá por alguns anos, contudo, ele diz que não ouve mais o barulho dos aviões.
Nós nos acostumamos às coisas, nos tornamos familiarizados com elas. É como aprender a dirigir ou dirigir em linha reta e tirar o carro da garagem. Ficamos concentrados em tudo que aprendemos: coloque o pé direito no freio, pé esquerdo na embreagem, engatar a marcha à ré, soltar devagar o pé esquerdo da embreagem e acelerar aos poucos com o pé direito, olhar pelo espelho retrovisor. Isso tudo parece exigir todo nosso esforço e energia. Mas hoje nem pensamos no que estamos fazendo; saltamos para dentro do carro com o café na mão esquerda, biscoito e câmbio na mão direita, movemos o carro rápido para trás enquanto engolimos nosso café da manhã e falamos com nosso vizinho, tudo ao mesmo tempo; familiaridade com aquilo que um dia foi estranho.
Cristãos encaram o perigo de ter ouvido o Evangelho tantas vezes que dificilmente ouvem as palavras de Jesus. Ficamos tão familiarizados com elas. Se ouvimos Jesus falando, sentimos que Ele deve estar falando com outra pessoa. Nas palavras de Kent Hughes, “Nós ouvimos tanto a parábola do fariseu e do publicano que para nós parece com aquele velho chinelo confortável que outras pessoas usam.”
Eu oro para que ouçamos essa parábola de um modo novo, não olhando a nossa volta para ver se outras pessoas estão prestando atenção, mas propositadamente e ativamente ouçamos nós mesmos. Esta é a Palavra de Deus. Ele está falando conosco. Se temos “ouvidos para ouvir” Ele falará diretamente conosco nesta manhã.
Conforme olhamos novamente para nossas Bíblias abertas diante de nós, descobrimos imediatamente que não ficamos com dúvida do porque Jesus conta essa parábola. Verso 9:
9 A alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola:
Por que Jesus contou essa parábola? Ele estava abordando um problema. Qual era o problema? Verso 9, havia “alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros.” É por isso que Jesus contou essa parábola ou pequena estória. É por isso que Jesus contou isso, por duas razões, para falar: àqueles que 1) que confiavam em sua própria justiça e, 2) desprezavam os outros.
Então estamos escutando direito? Lucas já nos falou que Jesus está pronto para contar uma estória, uma estória que irá ilustrar o problema de pessoas que confiam em sua própria bondade enquanto que, ao mesmo tempo, odeiam os outros. Bem, você tem minha atenção, Jesus! Vamos ouvir a estória. Verso 10:
10 “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano.
Agora devemos nos lembrar que quando Jesus inicialmente contou essa parábola, as pessoas O ouviram de maneira diferente que ouvimos hoje. Nós ouvimos a palavra “fariseu” e nós imediatamente pensamos – o que? – “cara mau.” Mas temos que lembrar que os primeiros ouvintes de Jesus teriam ouvido a palavra “fariseu” e pensado, “cara bom.” Este era o religioso, o espiritual, o bom.
Assim, há dois homens, verso 10, um Fariseu e o outro o que? – um cobrador de impostos. Se o fariseu é um cara bom, o cobrador de impostos é o que? – o cara mau. Jesus diz que ambos entraram no templo para orar. Público, oração corporativa, ocorriam duas vezes, 9 da manhã (Atos 2:15) e 3 da tarde (Atos 3:1), mas o templo era sempre aberto e as pessoas que moravam nas redondezas eram abençoadas de poderem orar quando desejassem.
Agora vamos ouvir a oração de cada um, primeiro o fariseu, verso 11:
11 O fariseu, em pé, orava no íntimo: (você pegou? Ele “orava consigo mesmo”) ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano.
Vamos destrinchar isso. Primeiro, verso 11 diz, “O fariseu em pé.” Nos dias de Jesus, ficar de pé era a postura normal de oração. Não há nada de errado com a postura de oração. O verso 13 registra que o publicano também estava de pé. O que é significante, contudo, é que o verso 13 indica que o publicano permaneceu “afastado,” fazendo-nos deduzir que o fariseu permaneceu em frente ao templo onde poderia ser visto e ouvido. Podemos imaginar o fariseu olhando as pessoas ao redor, de pé com as mãos erguidas de forma que todos podiam ver os filactérios em seus pulsos e em sua testa. Vocês se lembram que esses filactérios eram pequenas caixas que continham versos das Escrituras, caixas amarradas aos pulsos e à testa. Mostrados num contexto de oração pomposa e vistosa, esses filactérios nada mais eram que acessórios espirituais chamativos que acompanhavam suas vestimentas religiosas impressionantes.
Jesus diz que o fariseu de pé “orou no íntimo.” Ele orou consigo mesmo. A NVI traz “sobre” si mesmo. É possível traduzir até como “para” si mesmo. Isso é uma auto-satisfação, um auto-elogio. O fariseu fica de pé e lê seu currículo espiritual para Deus.
Em um único fôlego ele usa o pronome pessoal cinco vezes: “Eu, eu, eu, eu, eu.” Perceba como o fariseu compara a si próprio com os outros. Ele diz no verso 11, “Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros;” – então ele olha para o fim do templo, balança a cabeça negativamente e diz, “nem mesmo como este publicano.”
Vocês ouviram a atitude dele? A mensagem é clara: “Deus, o Senhor é muito feliz de ter alguém como eu por perto.” Ele não sabe nada da santidade de Deus e do sentimento de indignidade diante dEle. Ele não sabe nada a respeito dos salmos penitenciais como o Salmo 32 ou o Salmo 51. Ele não tem nada a confessar.
Percebe que o problema não está no agradecimento do fariseu a Deus por não ser como os outros homens e assim por diante – não é esse o problema. O problema é que o fariseu realizou-se nisto. Ele é que fez a boa obra de não ser injusto, um adúltero e assim por diante. Ele não está louvando a Deus, nem ele está pedindo a Deus por ajuda ou outra coisa. É impressionante que ele está orando porque claramente ele nem mesmo precisa de Deus.
O monólogo espiritual continua no verso 12:
12 Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’.
Admitidamente, a discipina do fariseu e caridade são impressionantes. Dois dias na semana do nascer do sol ao por do sol ele não come nada. Ele dava mais dinheiro que a lei exigia; ele dava o dízimo não só do que ganhava, mas o dízimo de “tudo” que possuía, um dízimo de tudo que vinha para ele como posse.
Assim, se existiam outros fariseus de pé por perto enquanto Jesus contava essa parábola, estaríamos certos em imaginar que eles estariam balançando a cabeça em aprovação. Este fariseu era realmente um cara bom. Agora vem o constraste, verso13:
13 “Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’.
É a primeira linha do Salmo 51, “Tem misericórdia de mim, ó Deus (Salmo 51:1).” Aqui está um homem que sabia do seu lugar diante de Deus. Ele sabia que era um pecador. Ele era, afinal de contas, um cobrador de impostos, um Judeu desprezível que trabalhava para os Romanos, arrecadando dinheiro dos outros a uma taxa exorbitante, enchendo seus próprios bolsos com os lucros.
Ele sabia que era um pecador. Ele sentiu seus pecados. Ele nem mesmo podia levantar seus olhos aos céus, mas “batia no peito,” um sinal de contrição quando você nem mesmo podia expressar externamente o que sentia internamente. Ele sabia que era pecador: “Tenha misericórdia de mim, que sou pecador!” O Grego na verdade usa o artigo definido. Deveria ser traduzido, “Deus, tenha misericórdia de mim O pecador.” Como Paulo mais tarde em 1 Timóteo 1:15, esse publicano teria considerado a si mesmo o chefe dos pecadores.
Sua oração no verso 13 é, “Deus, tenha misericórdia de mim.” O original diz literalmente, “Deus, propicia-me.” Isso é uma forma verbal do nome usado por Paulo em Romanos 3:25, onde, escrevendo sobre nossa salvação, ele faz referência a Cristo Jesus como Aquele que “Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue.” Jesus morreu para propiciar a ira de Deus, para satisfazer a ira de Deus dirigida a nós devido aos nossos pecados. Jesus propiciou a ira de Deus de forma que a ira de Deus é removida e nossos pecados são cobertos pela justiça de Cristo. Se pela fé cremos na obra de Cristo, Deus nos justifica, declara-nos justificados e nos dá uma nova posição diante de Deus (veja também 1 João 2:2 e 1 João 4:10).
Esse publicano queria seus pecados cobertos e a ira de Deus removida dele. Seu apelo no verso 13 é, “Deus, propicia-me!” Agora vem a melhor parte, verso14, lembre-se: os ouvintes de Jesus – especialmente os fariseus – teriam ficado chocados com essa conclusão, verso 14:
14 “Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.
Não é o que a maioria das pessoas nos dias de Jesus esperava. O “cara mau” sai do templo e vai para casa salvo enquanto que o “cara bom” vai para casa perdido. À propósito, não perca a jóia Cristológica aqui: Jesus Cristo conhece a mente de Deus; Ele sabe qual homem foi para sua casa justificado. Como Jesus conhece a mente de Deus? ELE É DEUS.
O fariseu foi para casa com a ira de Deus ainda sobre ele. Ele não estava salvo. Ele estava condenado por pecado, ainda debaixo da ira de Deus. Você pergunta, “Como você pode dizer isso?!” Jesus diz isso. Ele diz isso no verso 14: “Eu lhes digo que ESTE homem (o publicano), e NÃO o OUTRO (o fariseu), foi para casa justificado diante de Deus.”
O publicano foi justificado por Deus – declarado justo – concedida uma nova posição diante de Deus, um novo relacionamento, uma justiça concedida a ele pela graça através da fé. Conforme Paulo mais tarde diz, o publicano é “encontrado nEle, não tendo (sua) própria justiça…mas aquela que vem através da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e se baseia na fé (Filipenses 3:9).”
Kent Hughes escreve, “A postura espiritual com a qual oramos no fundo de nossos corações revela se fomos justificados por Deus.”
Com isso em mente, deixe-me perguntar: você ora como quem – o publicano ou o fariseu? Você diz, “Eu quero orar como o publicano. Eu creio que meu coração é o coração transformado.” Se é assim, ore da seguinte maneira:
**Deus, Aqui está meu Coração:
1) Afasta-me da Hipocrisia
Salvação não vem de um caráter moral superior. Em um caráter moral “combinado,” o fariseu vence o publicano. Ele possui um vasto caráter moral superior em relação ao publicano. Todos os seus amigos sabiam disso. Todos os seus amigos de adoração sabiam. Toda a sociedade sabia. Ele era uma boa pessoa…mas ele não foi para casa justificado. Porque ele se exaltou, Deus o humilhou.
Jesus já havia dito isso antes em Lucas 14:11: “Todo aquele que se exaltar, será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado.”
Você não pode ganhar o favor de Deus por sua bondade. Você não pode ser salvo por justiça própria. Você e eu somos pecadores e precisamos da justiça de Outro. Afasta-me da hipocrisia. Número dois:
2) Impeça-me de COMPARAR Justiça
Deus, impeça-me de comparar a minha justiça com a justiça de outra pessoa.
Robert Stein escreve, “Aqueles que como o (publicano) entendem sua condição de pecador e sabem que só podem ser salvos pela graça, acha difícil desprezar os outros, porque não há nada no que se vangloriar. Somente aqueles que possuem uma falsa confiança em sua própria justiça olham com desprezo para os outros.”
Você é culpado de olhar com desprezo para os outros, se comparando a outra pessoa? Você olha para elas e sente-se bem consigo mesmo. Elas cometem de certa forma um grande pecado e você pensa, “Bom, pelo menos não sou como esse pobre coitado.” Pense realmente sobre isso. Você é culpado? Você levantou o nariz para outro irmão ou irmã nessa semana e disse a você mesmo, “Bem, posso não ser perfeito, mas não fiz AQUILO!” Fariseu.
Como pastor eu faço muito aconselhamento. Só nessa semana passada encontrei três pessoas diferentes, cada uma delas lidando com o que alguns podem chamar de “grandes momentos de pecado.” Alguns podem até ficar chocados ao aprender o que ocorreu na vida dessas pessoas. Meu medo é que alguns de vocês possam até dizer, “Bem, não quero nada com gente assim, que faz esse tipo de coisa.” Mas e quando você comete um erro? Você fala da graça e misericórdia de Deus, mas você não estende a mesma graça e misericórdia a outros? Honestamente, às vezes eu ouço comentários críticos que pessoas fazem e penso comigo mesmo, “Rapaz, eu sei a quem NÃO recorrer quando falhar.” O Rei Davi – um homem segundo o coração de Deus – O Rei Davi com suas falhas morais culminando com adultério e planejamento de assassinato JAMAIS seria perdoado por alguns Cristãos.
Condenado por essa reação infeliz de alguns Cristãos, Chuck Girard alguns anos atrás escreveu esta canção, “Não atire nos feridos.” Isto é, “Quando um irmão ou irmã crente tropeça e peca, não bata nele enquanto estiver caído. Isso é agir como o fariseu na parábola. Ouça as palavras:
Não atire no ferido, eles precisam de nós mais que nunca
Eles precisam de nosso amor não importa o que fizeram
Às vezes nós os condenamos,
Não reservamos tempo nem para ouvir suas estórias
Não atire no ferido, algum dia poderá ser você

É fácil amar as pessoas que estão de pé
Prosseguindo para alcançar o mais alto chamado
Mas aqueles que podem estar lutando, tendemos a julgar duramente
E nos recusamos a tentar apanhá-los quando estão caindo
Colocamos as pessoas em caixas e tiramos nossas duras conclusões
E quando fazem as coisas que sabemos que não deveriam fazer
Nós às vezes os rotulamos como sem esperança
E os atiramos aos cães…Não atire no ferido, um dia poderá ser você

Uma das coisas que tem feito da Primeira Igreja Batista de Henderson uma grande igreja é nossa receptividade às pessoas de todas as esferas da vida e nossa capacidade de sermos honestos sobre nossos problemas, dificuldades e tentações. Que sempre sejamos uma igreja cheia de salvos, ainda pecadores humildes como este notório “mau” publicano. E que Deus nos poupe de sermos iludidos, egocêntricos, auto congratulatórios, hipócritas, “bons” fariseus.
Deus, aqui está meu coração: 1) Afasta-me da hipocrisia, 2) Impeça-me de comparar justiça e, número 3:
3) Vista-me com a Justiça de CRISTO
Paulo diz em Efésios 6 que temos que vestir a couraça da justiça (Efésios 6:14), mas temo que alguns de nós prefeririam vestir a couraça da justiça própria. Você não pode ser salvo por sua justiça própria. Você precisa da justiça de Cristo.
Ilustração Conclusiva:
Não sou um grande fã de Roy Clements, nem apoio muitos de suas crenças, mas ele escreveu um livro alguns anos atrás antes de suas visões mudarem, um livro escrito em 1995 intitulado, Uma Ferroada na Estória. Quero compartilhar com vocês uma parte do capítulo 6, “O paradoxo do perdão.” E apesar de não compartilhar todas as crenças ou persuasões, eu acho que ele pontua aqui ao providenciar essa ilustração contemporânea da parábola.
Jack e Joe foram à igreja certa noite. Jack conhecia o ambiente a sua volta. Bem, ele foi criado naquele lugar, não foi? Escola dominical com três anos e tudo mais. Ele sabia que seus pais estariam lá, também, em algum outro banco, olhando para ele com orgulho. Ele queria ter certeza de que eles o viram. Assim, ele caminhou até a frente e sentou na primeira fileira. Ele abaixou sua cabeça e fechou seus olhos por alguns instantes. Ele tinha visto o pai fazer isso; ele sabia que parecia santo.
Jack, você sabe, levou sua religião muito a sério. Ele carregava uma Bíblia grande e conhecia todos os últimos versos. Ele gostava da imagem de ser um jovem de princípios elevados também. Ao contrário de muitos de seus pares ele nunca (bebeu) álcool ou (fumou). Ele era também extremamente sério a respeito de sexo. Nada de indecência atrás da escola…para ele. Ele e sua namorada tinham conversas intelectuais sobre vegetarianismo e coisas nucleares. Ao invés de ir à (danças), eles saíam para reuniões de oração na casa do líder da juventude.
Conforme Jack refletiu em sua vida naqueles poucos momentos antes do culto começar, ele brilhou com satisfação interior. Como era reconfortante saber que você era um bom Cristão! Nada a confessar, nada a se envergonhar, nada…
Bom sofrimento, não poderia ser! Pelo canto do olho ele capturou a visão de uma figura familiar que tinha acabado de entrar na igreja atrás dele. ‘É Joe,’ ele pensou incrédulo. ‘O que no mundo ele está fazendo aqui? Não é certo ele vir à igreja, o velho hipócrita!’ Mas se ele pudesse ler a mente de Joe ele teria percebido que precisamente os mesmos pensamentos também estavam passando pela cabeça dele.
Que direito, Joe pensou, ele tem de estar na igreja? Ele não veio à igreja por anos. Na verdade se sentiu totalmente desconfortável no lugar. Ele ficou olhando a sua volta nervosamente, esperando que alguém com autoridade chegasse a qualquer momento e dissesse que ele não tinha nada que estar ali. Ele estava incerto aonde se sentar, ou se havia algum ritual especial que ele deveria observar antes de se comprometer a permanecer. Cristãos não se cruzavam antes de se sentarem na igreja? Ou isso era Muçulmano? Ele realmente não podia se lembrar. Por fim, ele deslizou cautelosamente na última fileira. ‘Ah não,’ ele lamentou internamente, ‘aquele na frente é o Jack, e ele me viu. Eu nunca viverei nessa vizinhança agora.’ Ele se espremeu, suas pernas dobradas sob o banco, sua cabeça para baixo entre os joelhos, tentando se esconder.
Como você deve ter imaginado, Joe não era do tipo religioso. Na verdade ele tinha uma pequena reputação de (causador de confusão). Se houvesse problema com a polícia no estado, você poderia estar certo de que ele estaria envolvido. A nicotina estava impregnada em seus dedos e havia um cheiro característico de cerveja em seu hálito. De fato ele esteve no (bar) no fim da rua há 15 minutos.
Por que raios ele veio à igreja? Será que foi devido à (briga) que teve nesta manhã em casa, pego por roubar o (dinheiro) de sua mãe novamente? Ou foi por causa do sentimento de humilhação que ele estava sentindo como resultado do tapa que Julie lhe deu no rosto na noite passada, dizendo em quatro palavras inequívocas ‘saia da minha vida,’ só porque ela descobriu que ele também estava dormindo com a Karen? Sim, foram ambas as coisas e nenhuma delas. De alguma forma, assim que tentou sem sucesso mergulhar suas dores em (sua bebida), ele se deu conta de como estava sujo, e a bagunça que havia feito. De repente, sentado no banco de trás, culpa e vergonha fizeram brotar lágrimas de seus olhos, um rubor no rosto e um nó na garganta. ‘Ó Deus,” ele suspirou baixinho, com punhos cerrados. ‘Ó Deus.’
Digo a você, foi Joe quem foi como um crente para casa nessa noite, não Jack.
“Pois todo aquele que se exaltar a si próprio será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado.”

Fiquemos de pé para orarmos.