Pai, Perdoa-lhes

Pai, Perdoa-lhes

“Pai, Perdoa-lhes”
(Lucas 23:32-38)
Série: Certeza em Tempos Incertos
Rev. Todd A. Linn, PhD
Primeira Igreja Batista de Henderson, Henderson

Peguem suas Bíblias e juntem-se a mim no Evangelho de Lucas, capítulo 23 (Pg 712; YouVersion).
Jesus está percorrendo Seu caminho de sofrimento, a Via Dolorosa, em direção ao Calvário onde Ele será crucificado, morto na cruz. Vamos retomar de onde paramos da última vez no verso 31 e ver os eventos no verso 32.
Por favor, fiquemos de pé em honra à leitura da Palavra de Deus.

32 E também conduziram outros dois, que eram malfeitores, para com ele serem mortos.
33 E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
34 E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.
35 E o povo estava olhando. E também os príncipes zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus.
36 E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.
37 E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo.
38 E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Oração.
Introdução:
Uma das razões de estarmos indo devagar ao focar a crucificação de Cristo é porque a morte de Cristo – e subsequente ressurreição – é o evento crucial do Cristianismo. Um Cristianismo sem cruz não é Cristianismo. Alguns desejam ter apenas ensinos Cristãos e princípios Cristãos, mas sem um Messias sofrendo e sangrando em uma cruz; sem morte substitutiva, sem expiação vicária.
Mas um Cristianismo como esse – um Cristianismo sem cruz – é uma religião sem vida. Sem uma cruz, nós temos muito pouco e muito pouco a oferecer. Quando as pessoas coçam suas cabeças em dúvida, quando elas lutam com problemas reais inexplicáveis e quando elas se ferem profundamente, tudo o que temos para oferecer-lhes são palavras rasas, clichês cansados e banalidades vazias – formas de piedade vazia de poder.
É difícil tirar proveito de eventos trágicos como aquele da Sexta de manhã, o tiroteio em massa no cinema no Colorado. Quem pretende entender de forma plena o que motiva um homem a abrir fogo sobre muitas pessoas, deixando 12 mortas e aproximadamente 60 hospitalizadas?
E isso precisamente é o motivo de um Cristianismo sem cruz não oferecer ajuda alguma aqui. Se Jesus fosse meramente um bom homem, meramente um homem de moral, meramente um bom mestre e nada mais, então não temos nada a oferecer às vítimas de tamanhas tragédias. Não temos esperança real a oferecer àqueles que choram, não temos respostas àqueles que têm dúvidas, não temos luz para aqueles que estão nas trevas.
Mas Jesus Cristo vai à cruz por essas tragédias. Ele morre para dar esperança para as pessoas caídas vivendo em um mundo caído. A cruz significa que podemos ter vida além das frequentes tragédias sem sentido que são subprodutos de um mundo pós-Éden. E a cruz também significa que Deus se importa profundamente com justiça. Ele é um Deus que julgará o ímpio por suas maldades.
Assim, focamos novamente na cruz nesta manhã. Temos aqui apenas 7 versos e quero dar-lhes um esboço descritivo simples desses versos e então eu quero compartilhar com vocês a importância dessa passagem e o que faremos desse texto; três coisas que percebemos a respeito de Cristo nesta passagem: Sua crucificação, interseção e condenação. Primeiramente:

Ele Sofre Crucificação (32-33)
No verso 32 Lucas nos conta que Jesus não está só enquanto é crucificado:
32 E também conduziram outros dois, que eram malfeitores, para com ele serem mortos.
Não sabemos quem são esses dois outros camaradas. Lucas os chama de malfeitores. Você deve se lembrar de que o rebelde arruaceiro chamado Barrabás tinha sido solto e pode ser que esses dois camaradas pudessem ser revolucionários juntamente com Barrabás, mas não temos certeza. Lucas simplesmente nos conta que eles eram criminosos e que eles foram levados juntamente com Cristo para a morte.
33 E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
A palavra “Calvário” é a representação em Latim de uma palavra que significa “caveira.” Em Aramaico é “Gólgota,” que é como é apresentada pelos outros escritores do Evangelho. Era provavelmente chamada de “caveira” porque o lugar se parecia com uma caveira.
Foi lá que “O crucificaram.” Eles pregaram Suas mãos e pés a uma cruz onde Ele sofreria uma morte lenta e agonizante. Marcos nos conta que Jesus esteve na cruz por seis horas, da terceira hora a nona hora, ou de 09ooh às 1500h. A dor que Ele sofreu foi “excruciante,” o significado da própria palavra, “da cruz,” ex-cruciare, ex –“da,” ou “pela,” cruciare, “a cruz.” Nós usamos essa palavra hoje para denotar dor e sofrimento extremo.
No entanto, a economia de palavras de Lucas aqui, “ali O crucificaram,” sugere que deveríamos evitar enfeitar a morte de Cristo, adicionando detalhes irrelevantes de Sua dor e sofrimento. Lucas não pinta um quadro enorme e vívido aqui e nem os outros escritores do Evangelho; apenas três palavras em Grego traduzidas em quatro palavras em Inglês, “Ali eles O crucificaram.”
Você percebe, que os escritores do Evangelho – juntamente com os escritores das epístolas – não desejam que foquemos no sofrimento do Salvador, mas na razão do Seu sofrimento. Nós falamos dessa última hora quando conversamos sobre o excesso de foco na paixão de Cristo, filmes, peças de teatro e arte Cristã que meramente suscitam nossa simpatia e mexem com nossas emoções, mas não nos dizem porque Ele sofreu.
Se nos tornamos meramente emotivos com a cena da crucificação, mas não conhecendo nada a respeito do propósito pelo qual Cristo veio, então permaneceremos apenas sentimentais. Jesus quer mais do que emoção de nós. Lembrem-se de que Ele disse às mulheres lá no verso 28, “Não chorem por Mim, mas chorem por vocês mesmos.” Como Deus em carne, Jesus não precisa de nada. Ele não quer nossa simpatia; Ele quer nossas almas.
Então o foco dos escritores do Evangelho ao relatar a crucificação, não é tanto nas feridas de Cristo, mas na obra de Cristo. Lucas não deseja que pensemos tanto na dor da cruz, mas no propósito da cruz.
1Pedro 3:18, “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus.”
É por isso que Ele sofre crucificação. Segundo:
Ele Intercede (34)
34 E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.
Da cruz Jesus intercede pelos outros. Interceder é, “intervir em favor de outro,” normalmente através da oração. Jesus ora, pedindo ao Pai Celestial para perdoar o que essas pessoas estão fazendo a Ele. Ele diz ao Pai, “perdoa-lhes.”
Ele pratica o que Ele pregou. Vocês se lembram do Sermão na Planície em Lucas 6? Jesus disse, “Amem seus inimigos, façam o bem àqueles que lhes odeiam, abençoem os que te amaldiçoam e orem por aqueles que caluniam vocês (Lucas 6:27-28).”
Foi assim que agiu Estevão ao fazer como a oração de Cristo em Atos 7. Ele foi perseguido devido a sua fé e morto por apedrejamento em Atos 7:60, “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado.”
Alguns de nós pode ter esquecido de que isso é o que o Senhor pede de nós, “Amar nossos inimigos, fazer o bem àqueles nos fazem o mal, abençoar os que nos amaldiçoam e orar por aqueles que nos caluniam.”
Jesus diz, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Agora isso não está muito certo, não é? Eles sabiam o estavam fazendo, não sabiam? Essa multidão não sabia o que estava fazendo? Pilatos e os soldados Romanos não sabiam o que estavam fazendo? Os Judeus não sabiam o que estavam fazendo? É claro que todos sabiam o que estavam fazendo: eles estavam crucificando Jesus de Nazaré. Por que, então, essa declaração?
Eles sabiam o que estavam fazendo, mas não entendiam o significado do que estavam fazendo. Eles estavam cegos para a soberana vontade de Deus em dar Seu Filho para morrer pelos pecados deles. Essa é a essência da mensagem de Pedro mais tarde no Livro de Atos. Pedro está pregando em Jerusalém para os Judeus e ele diz em Atos 3:17, “E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes.”
Paulo diz a mesma coisa à igreja em Corinto, 1 Coríntios 2:7-8, “Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos…A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.”
É por isso que Jesus ora da maneira que orou. É por isso que Ele intercede pelo povo. Ele sabe que eles falharam em entender a importância de Sua morte. E nós mudamos pouco em 2.000 anos. Nós afirmamos a causa um momento atrás, não foi? Muitos hoje são meramente tomados pela paixão da cruz, falhando em entender o propósito da cruz.
1 Pedro 3:18, “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus.”
Ele sofre crucificação, Ele intercede, terceiro:
Ele Recebe Condenação (35-38)
Nós lemos anteriormente a segunda parte do verso 34, “E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.” Normalmente tinham 5 soldados Romanos encarregados da missão de observar a crucificação e uma das vantagens do trabalho era ficar com as roupas do condenado. “Eles repartiram Suas vestes e laçaram sortes.” Como jogar dados, eles determinaram quem ficaria com o que. Eles dividiram Suas vestes.
É fácil ler essa declaração e falhar ao considerar completamente as implicações disso. Se eles dividiram Suas vestes então eles devem ter tirado as vestes dEle o que sugere que Ele talvez estivesse completamente nú, pendurado na cruz. Dificilmente podemos imaginar uma cena mais humilhante que a cena da crucificação Romana.
35 E o povo estava olhando. E também os príncipes zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus.
Os “príncipes” são os líderes Judeus, o Conselho do Sinédrio. Eles provocaram Jesus. Eles “zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo.” Irônico. Eles não podiam negar que Jesus havia, “salvado os outros.” Ele salvou uma mulher pecadora na casa de um Fariseu (Lucas 7:50). Ele salvou um homem possesso (Lucas 8:36). Ele salvou uma mulher com fluxo de sangue da morte (Lucas 8:38) e então salvou uma garotinha da morte trazendo-a de volta à vida (Lucas 8:50). Ele salvou 10 leprosos da lepra (Lucas 17:19) e salvou um homem cego próximo a Jericó que estava à beira da estrada mendigando (Lucas 18:42). Ele salvou os outros. Eles não podiam negar essa verdade. Mais condenação no verso 36:
36 E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.
Vinho azedo ou vinagre era o tipo de vinho que os oficiais Romanos tomavam. Provavelmente eles estavam oferecendo esse vinho a Cristo para prolongar Sua agonia, prolongando Seu sofrimento ao matar Sua sede. Eles se juntam aos príncipes na provocação a Cristo:
37 E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo.
38 E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Era costume colocar o crime na forma de título sobre a cabeça do condenado. Até Roma estava preocupada que Jesus foi crucificado por motivos políticos, culpado por proclamar ser Rei dos Judeus.
Assim, você tem o esboço descritivo: Sua crucificação, intercessão e condenação.
**Qual o Significado Disso?
Essa passagem exige de nós pelo menos duas (2) ações. Primeira:
Perceba o Cumprimento da Escritura em Cristo
O que estamos lendo nesses 7 versos é o cumprimento da antiga profecia a respeito da vinda do Messias. As Escrituras do Velho Testamento previram que o Cristo que viria morreria entre criminosos (Isaías 53:12; Lucas 22:37), que Suas vestes seriam repartidas entre outros (Salmo 22:18), que lhe seria oferecido vinagre para beber (Salmo 69:21), que Ele seria provocado (Salmo 22:7-8), e que Ele faria intercessão pelos outros (Isaías 53:12).
Considere o Salmo 22, escrito 1.000 anos antes de Cristo:
Salmo 22: 7-8:
Todos os que Me vêem zombam de Mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo: “Confiou no Senhor, que O livre; livre-O, pois nEle tem prazer.”
Salmo 22:16-18:
Pois Me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores Me cercou, traspassaram-Me as mãos e os pés. Poderia contar todos os Meus ossos; eles vêem e Me contemplam. Repartem entre si as Minhas vestes, e lançam sortes sobre a Minha roupa.
Considere Isaías 53, escrito 700 anos antes de Cristo:
Isaáas 53:3-7,12:
3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
12 … e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.
O cumprimento da Escritura em Cristo. Não é nada menos que um milagre de Deus que essas Escrituras escritas aproximadamente mil anos antes dos eventos, são cumpridas com precisão e perfeição em Jesus Cristo.
A morte de Cristo na cruz não foi um acidente. A morte de Cristo na cruz foi o cumprimento de um plano. Na providência de Deus, devido ao amor de Deus, Ele deu Seu Filho para morrer. Ele deu Seu único Filho amado para que todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Essa verdade nos leva a segunda ação. Primeira, Perceba o Cumprimento da Escritura em Cristo. Segunda:
Receba o Perdão dos Pecados em Cristo
Por que Jesus não salvou a Si mesmo? Por que Ele não desceu da cruz? Ele não Se salvou para que Ele pudesse salvar os outros. Ele não salvou a Si mesmo para que Ele pudesse salvar os outros.
Jesus orou no verso 34, “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.”
Preste atenção: Sua oração pelo perdão deles é respondida em Sua morte, a qual trouxe-lhes perdão do pecado. Novamente: Sua oração pelo perdão deles é respondida em Sua morte, que trouxe-lhes o perdão de seus pecados.
Ele morreu por você.
2 Coríntios 8:9, “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis.”
É por isso que Ele não salvou a Si mesmo, para que Ele pudesse te salvar.
Ele morreu por você.
Então Cristo não Se salva para que Ele pudesse salvar os outros. Ele tinha orado, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” É isso, “Não impute as transgressões deles sobre eles.” Paulo diz em 2 Coríntios 5:19, “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados.”
Deus não considera os pecados deles contra eles, porque Ele considera os pecados deles contra Si.
2 Coríntios 5:21, “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”
Cristo não salvou a Si próprio para que Ele pudesse salvar os outros.
“Ele salvou os outros,” Ele salvou você?

Fiquemos de pé para orarmos.