Seguindo a Cristo em um Mundo Hostil

Seguindo a Cristo em um Mundo Hostil

“Seguindo a Cristo em um Mundo Hostil”
(1 Pedro 2:11-12)
Série: Força na Adversidade (1Pedro)
Rev. Todd A. Linn, PhD
Primeira Igreja Batista de Henderson, Henderson
Peguem suas Bíblias e juntem-se a mim em 1 Pedro, capítulo 2 (Pg 815; YouVersion).
Se você está nos visitando, nós estamos em uma série de mensagens em 1 Pedro. Estamos estudando esse livro verso a verso porque é dessa forma que foi escrito e, portanto, ficamos mais próximos de obter o significado das verdades quando estudamos dessa maneira, pregamos e ensinamos assim. Paramos da última vez no verso 10, então prosseguiremos do verso 11.
E o que temos nesta manhã são dois versos – versos 11 e 12 – que introduzem uma nova seção de material em 1 Pedro. Essa nova seção diz respeito a viver a vida Cristã, viver nossas vidas diante de um mundo que nos observa de forma que nossas vidas apontam pessoas para a glória de Deus. Preste atenção enquanto leio esses dois versos.
Por favor, fiquemos de pé em honra à leitura da Palavra de Deus.
11 Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma.
12 Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal, observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.
Oração.
Introdução:
Esta manhã vamos falar sobre, “Seguindo a Cristo em um Mundo Hostil.” O Novo Testamento ensina que a fé Cristã é uma fé vivida dentro de um mundo não-Cristão. Isso não deveria nos surpreender. Nem deveríamos ser influenciados por qualquer sugestão ou ideias contrárias.
Muitos de vocês sabem que J.I.Packer escreveu um livro excelente alguns anos atrás que continua a influenciar e moldar o pensamento evangélico de maneira positiva. É o livro Conhecendo Deus. Em uma parte do livro Packer adverte sobre o ensino, a pregação e evangelização contemporânea que dão às pessoas a ideia de que a vida Cristã é uma vida sem conflitos ou dificuldades. Ele adverte que em nosso zelo de dizer às pessoas como elas podem obter vitória sobre o pecado, morte e inferno, podemos sem querer pintar um quadro impreciso da vida Cristã. Ele escreve:
“É possível…jogar para o lado o aspecto mais áspero da vida Cristã – a busca diária, a guerra interminável contra o pecado e Satanás, a caminhada periódica na escuridão [assim] tem-se a impressão que a vida Cristã normal é uma perfeita cama de rosas, um estado de coisas nas quais tudo no jardim é adorável o tempo todo e os problemas não existem mais – ou, se aparecerem, eles apenas precisam ser colocados no trono da graça e irão derreter por completo. Isso sugere que o mundo, a carne e o diabo não darão sérios problemas ao homem, uma vez que ele é Cristão; nem suas circunstâncias e relacionamentos pessoais serão problemas para eles mesmos. Tais sugestões são perniciosas, contudo, porque são falsas.” J. I. Packer, Knowing God (Conhecendo Deus) (Downers Grove: InterVarsity Press, 1973, Pg 222).
A verdade é que vivemos em um mundo hostil, um mundo afligido por um vírus chamado pecado. O Novo Testamento ensina consistentemente que adversidade, dificuldade e perseguição é a norma da experiência Cristã. Se falhamos ao ensinar essa verdade a novos crentes e se falhamos em lembrar aqueles que já são crentes, então falharemos em produzir Cristãos fortes, maduros, conhecedores da verdade e que vivem a verdade.
1) Lembre-se de que este Mundo Não é Seu Lar (11)
É muito fácil esquecer isso! Eu aposto que poucos acordaram nesta manhã esperando que hoje fosse nosso último dia na terra. Parece mórbido, não é? É fácil pensar que estamos apenas vivendo dia após dia neste mundo. Trabalhamos, comemos, dormimos, compramos casas, carros, guardamos dinheiro, investimos. Nós planejamos o futuro quando estivermos aposentados, reclinados em nossas cadeiras, e brincando com nossos brinquedos. Então Pedro nos lembra que estamos de passagem por aqui. Ele diz no verso 11:
11 Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo,
Ele já disse isso anteriormente. Você se lembra onde? Ele usou uma dessas palavras no início desta carta, verso 1, “Aos ‘estrangeiros.’” Àqueles que são peregrinos neste lar temporário chamado mundo. Ele fez alusão a este fato novamente no verso 17 do capítulo 1 onde ele diz, “portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês.”
Quando fui um oficial de condicional, eu tinha uma série de clientes que se referiam às suas residências como um lugar onde eles “ficavam.” Eu perguntava, “Onde você mora?” Eles respondiam, “Eu fico com minha tia,” ou qualquer outra pessoa. Naquela época eu me perguntava se eles diziam isso porque se mudavam com frequência. Mas em outro aspecto, essa frase descreve apropriadamente a experiência Cristã. Nosso lar é onde estamos. Nós não vamos ficar lá para sempre. E não vamos ficar lá para sempre porque não vamos ficar aqui para sempre. Este mundo não é o nosso lar. Nós somos “estrangeiros e peregrinos.”
Conforme observa Calvin, nós “somos apenas convidados neste mundo.” Você pensa em sua existência dessa maneira? Tente pensar dessa maneira nesta semana: “Sou apenas um convidado aqui.” Tente pensar dessa maneira na próxima vez que você for trabalhar, passar uma noite fora ou fazer uma compra.
Quando estamos viajando, fazemos nossas malas tão leves o quanto podemos. Levamos somente o necessário. Dizemos, “Veja bem, vou passar apenas alguns dias então não preciso de muita coisa.” E se vivêssemos nossas vidas dessa maneira?
Quando nos lembramos de que somos “estrangeiros e peregrinos” somos menos propensos a incidir no que Pedro chama de “desejos carnais que guerreiam contra a alma.” Viu isso no verso 11, lá no final do verso? Pedro diz:
11 …abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma.
Nós guerreamos neste mundo hostil. Nós guerreamos contra os “desejos carnais que guerreiam contra a [nossa] alma.” O que são os “desejos carnais” ou “concupiscências carnais” que guerreiam contra nossas almas? O Apóstolo Paulo falou dessa mesma coisa em Gálatas 5. Preste atenção em Gálatas 5:19-21:
19 Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem;
20 idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões e facções
21 e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus.
Esses são alguns dos desejos carnais que guerreiam contra a nossa alma, mas existem outros. Na verdade é seguro dizer que qualquer desejo que compete com Cristo é um desejo errado. Qualquer desejo que tenhamos – até bons desejos – quando eles competem pelo nosso desejo por Cristo, são desejos errados.
Talvez isso encoraje alguns de nós. Cristãos não estão excluídos de um impulso da carne. O fato de ter o Espírito Santo em você não significa que você não vai combater tentações e desejos errados. Não há nada de estranho nisso, Cristãos guerreiam.
A palavra, “abster,” significa, “se privar constantemente de algo.” A gramática é, “Continuamente” fazer isso, constantemente se segurar, continuamente se abster. Continuamente lutar contra os desejos que investem contra nossas almas, competindo pelo nosso desejo e amor por Cristo.
Talvez por isso Pedro fala dos Cristãos no verso 11 pelo termo, “Amados.” A primeira palavra no verso. Essa palavra lembra os Cristãos que eles são amados de Deus. Pedro não está falando que os Cristãos são dele, amados de Pedro. É Pedro que está chamando os Cristãos de, amados dEle, amados de Deus. Lembram-se da semana passada – versos 9-10? “Seu povo escolhido,” o “povo de Deus” (1Pedro 2:9-120).
Cristãos, Deus tem a posse de vocês. Deus os ama. Ele os salvou. Vocês provaram do Senhor e viram que Ele é bom. Lembrem-se que Ele é o seu desejo maior, seu amor supremo e tesouro. Lembrem-se disso e isso os ajudará a se “abster dos desejos carnais que guerreiam contra a alma.” E lembrem-se que este mundo não é o lar de vocês. Vocês são residentes temporários.
Zane Pratt é nosso orador convidado desta noite do Seminário do Sul. Ele serviu como missionário na Ásia Central por 20 anos, alcançando os Muçulmanos nas regiões extremamente resistentes ao Evangelho. Um dos segredos de ser missionário em áreas de risco, ele observa, é lembrar de sua condição de temporário neste mundo e lembrar de seu desejo maior em Cristo.
Neste livro editado por um amigo meu do Seminário do Sudeste, Teologia e Prática de Missões, Pratt escreve isso, “Pelo bem do tesouro verdadeiro, o crente é desejoso de abrir mão de coisas menores como bens, conforto temporário e segurança, ou até de sua vida. A questão não é o que você perde. A questão é o valor insuperável do que você ganha.”
Ele acrescenta:
Nós precisamos perguntar, o meu entendimento e valorização de Deus e Seu evangelho me libertam do medo e ansiedade a respeito de minhas necessidades e desejos nesta vida, as coisas que rapidamente prendem meus recursos em coisas menores? Ou eu sou continuamente consumido pela necessidade de me estabelecer no mundo que não vai durar e para o qual não fui feito?
Lembrem-se de que este mundo não é nosso lar. Segundo, se vamos seguir a Cristo neste mundo hostil, devemos:
2) Esperar Hostilidade dos Descrentes (12)
Espere por isso. Vai acontecer. Descrentes falarão contra você e ponto final. Verso 12:
12 Vivam entre os pagãos (descrentes) de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal…
Pedro não diz, “se” eles falarem mal de vocês, mas “quando” eles os acusarem de praticarem o mal. Isso vai acontecer. Não se surpreenda quando descrentes falarem contra você.
Verdade. Pare de ficar surpreso com isso e lembre-se quantos de nós fizemos a mesma coisa. O que mais você poderia esperar?
Eu acho que é muito útil olhar dois capítulos adiante, capítulo 4, onde Pedro diz algo parecido:
1 Pedro 4:3-4, “No passado vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e farras, e na idolatria repugnante. 4 Eles acham estranho que vocês não se lancem com eles na mesma torrente de imoralidade, e por isso os insultam.”
Descrentes são como, “Ei, por que você não faz isso?! Todo mundo está fazendo! Vamos lá, não tem problema!” Então quando você para de fazer essas coisas – jovens – eles falarão contra você como se você fosse praticante do mal. Mas você não é praticante do mal, você ama a Cristo, você ama Aquele que te amou primeiro.
Agora, à propósito, perceba não é só que as pessoas falarão contra nós como se fossemos praticantes do mal. Nós necessariamente não estamos na vontade de Deus quando os descrentes falarem contra nós como praticantes do mal. Se nós somos Cristãos arrogantes, descrentes falam de nós porque somos arrogantes. Se não respeitamos nossos chefes descrentes e companheiros de trabalho descrentes, eles falarão porque estaremos sendo desrespeitosos.
Então não vá por aí “se achando” porque você estava pregando para os outros na sala de recreação e seu chefe te falou mais uma vez para abaixar o tom de voz. E você responde, “Bem, eu estou apenas sofrendo por Cristo.” Não, você não está. A razão de você estar sendo repreendido pelo seu chefe é porque você é um insubordinado e falho em seguir instruções. Não estamos necessariamente na vontade de Deus quando descrentes falam de nós como praticantes do mal.
Pedro diz na primeira parte do verso 12 que nossas condutas devem ser “exemplares entre os pagãos (os descrentes).” Ele está falando quando descrentes falam contra nós simplesmente porque somos Cristãos. Nosso comportamento não é o problema. É ao nosso Senhor que eles estão se opondo.
Nosso comportamento, por outro lado, é irrepreensível. Isso não significa que somos perfeitos. Isso significa que os descrentes sabem que amamos o Senhor e que vivemos para o Senhor. Eles veem isso.
Assim, note com cuidado o que Pedro prossegue em dizer. É enquanto descrentes falam contra nós, ou quando descrentes falam de nós como praticantes do mal, eles também:
…observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.
Nosso viver santo, nosso comportamento Cristão de forma consistente, tem um efeito evangelístico. É observando nossas boas obras que descrentes são direcionados a Cristo. Eles vão – última parte do verso 12 – “Glorificar a Deus no dia da sua intervenção.”
Essa frase, “dia da sua intervenção” nesse contexto, traz a ideia de, “o dia que Deus os visitar com Sua graça,” o dia em que Deus se inclinar e acender a luz de forma que eles possam ver. O dia da visitação é o dia quando Deus chama uma pessoa para fora da escuridão e traz para Sua maravilhosa luz (1Pedro 2:9).
Dessa forma, nosso viver santo faz com que descrentes sejam atraídos para Cristo. Existe um paradoxo aqui. Descrentes difamam crentes mas também, ao mesmo tempo, são direcionados a Cristo devido as boas obras do Cristão. Ao mesmo tempo no descrente existe difamação em sua língua e convicção em seu coração.
Descrentes falam mal de Cristãos e, ao mesmo tempo, descrentes são direcionados a Cristo por causa da santidade consistente daqueles contra quem eles falam!
Assim como foi com Cristo. Pessoas falaram contra Ele e ao mesmo tempo eram direcionadas a Ele. O ladrão na cruz blasfemou contra Cristo e foi – ao mesmo tempo – conduzido a acreditar nEle. Por que? Porque há algo diferente em Cristo. E deve haver algo diferente naqueles que seguem a Cristo. Deus usa esse comportamento e por meio do Espírito Santo de Deus, Ele opera através do comportamento santo para atrair almas para o Seu lado. A terceira ação é:
3) Viva de forma que seu Comportamento Aponte Pessoas a Cristo (12)
Novamente, verso 12:
12 Vivam entre os pagãos (descrentes) de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal, observem (ao mesmo tempo) as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.
Então comportamento santo não é apenas para o nosso benefício, mas para o benefício dos outros. Vivemos para dar o exemplo segundo o que significa ser completamente devotado a Deus. Lembra disso da semana passada? O que significa ser santo? Significa “ser completamente de Deus.” Santidade é ser completamente de Deus, totalmente devotado a Ele. Quando somos santos dessa maneira, descrentes tomam nota. Eles veem que somos diferentes e eles são frequentemente direcionados a Cristo devido a essa diferença. Eles querem o que nós temos.
É conforme Jesus disse em Mateus 5:16, “Assim brilhem a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.”
Comportamento santo não é só para o nosso benefício, mas para o benefício dos outros. Paulo disse em:
Filipenses 2:14-15, “Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo,”
Deus quer te usar como luz que brilha na escuridão. Comportamento santo não é só para o seu benefício, mas para o benefício dos outros.
Então vamos cuidar do nosso comportamento. Nós vamos cuidar do que comemos e do que bebemos. Vamos fazer coisas diferentes na festa. Vamos fazer coisas diferentes no trabalho. Vamos fazer coisas diferentes na escola. Pessoas são direcionadas com frequência a Jesus porque elas veem que O amamos verdadeiramente. Assim, não podemos exagerar nisso. A maneira de seguir a Cristo em um mundo hostil, a maneira de viver diante de descrentes que discordam de nossa fé Cristã não é entrar em discussão calorosa com eles. Nem fazer o que Pedro fala, “Defender-se,” ou “Quando você é injustiçado, obter petições em conjunto,” ou “formar coalisões políticas,” ou “Insistir que as pessoas digam, ‘Feliz Natal,’” ou o que seja.
Não, Pedro simplesmente diz, “Viva de forma que seu comportamento aponte pessoas a Cristo.” Seja cativante e envolvente. Não, nem todo mundo será atraído a Cristo por suas ações, mas muitos irão.
Você vai conseguir muito mais através de seu trabalho evangelístico do que eu através da pregação do púlpito. Esse é o modo de Cristãos viverem diariamente atraindo pessoas a Deus para que elas possam crer no Evangelho.
Assim, nas palavras de um comentarista, “Não elimine as pessoas por terem compreendido mal o Cristianismo; ao invés disso, mostra-lhes a Cristo através de sua vida. Pode chegar o dia em que aqueles que te criticaram, irão louvar a Deus com você (Life Application Study Bible – Bíblia de Estudo Aplicação da Vida).”
Fiquemos de pé para orarmos.