Amando os Outros mais do que a Nós mesmos

Amando os Outros mais do que a Nós mesmos

“Amando os Outros mais do que a Nós mesmos”

(Romanos 14:13-23)

Série: Sem Culpa!

Rev. Todd A. Linn, PhD

Primeira Igreja Batista de Henderson, KY

(29-11-09) (Manhã)

. Peguem a Palavra de Deus e abram em Romanos, capítulo 14

 

E enquanto vocês estão encontrando, eu quero pedir a um bom amigo nosso para vir aqui um momento falar conosco. Tanner Turley era um membro da Primeira Igreja Batista e esteve envolvido em nosso ministério de estudantes por muitos anos. E Tanner está terminando seus estudos no Seminário Teológico Batista do Sudeste em Wake Forest, Carolina do Norte. Ele está terminando um doutorado lá e formando em maio e então se mudando para Boston, Masssachussets, para começar uma nova igreja lá, “Igreja Colina da Redenção”. A maioria de vosês sabe que nós somos parceiros de Tanner através da oração, e nós temos destinado um fundo do orçamento da nossa igreja, e nós esperamos estar envolvidos também de outras maneiras nos meses e anos vindouros.

 

Existem cerca de 6 milhões de pessoas na área da grande Boston e, dessas 6 milhões de pessoas, apenas cerca de 2,5% freqüentam uma igreja evangélica. Isso significa que mais de 5.5 milhões de pessoas precisam desesperadamente de Jesus Cristo. Boston é uma cidade global onde as nações se reuniram. As pessoas de mais de 150 nações imigraram para Boston, de forma que plantar uma igreja evangélica em Boston provê uma plataforma centrada no Evangelho, emissora de missionários para alcançarem as nações para Cristo.

 

Eu compartilhei com alguns de vocês que foi exatamente assim que nós fomos capazes de ministrar na Tailândia e em Laos. O Laoense que começou o ministério lá e nos levou para o Laos cresceu em Nashville, TN onde uma amorosa igreja em Nashville alcançou ele e sua família e os conduziu para Cristo. E esse homem cresceu, foi para um seminário e se mudou para seu país de origem para alcançar seu povo para Jesus. Essa é uma das melhores maneiras de espalhar o Evangelho para as nações, sendo parceiro de igrejas em grandes cidades do nosso país a fim de ampliar o alcance do Evangelho para os continentes.

 

Tanner é casado com Marsha e eles têm uma filha, Parker. Tanner, use alguns minutos e conte o que Deus está fazendo em sua vida…

 

(…O índice do custo de vida é extremamente alto em Boston, perdendo apenas para Nova Iorque. É 48% mais caro do que na maioria das cidades americanas. Eles têm um orçamento inicial de 250.000 dólares. Por isso, nossa ajuda inicial de 6.000 dólares pode parecer pequena, mas estamos nos unindo com outros parceiros e nós antecipamos que daremos mais no futuro. Alguns de vocês podem sentir o desejo de contribuir individualmente. A liderança da Colina da Redenção tem o objetivo de ser completamente auto-sustentável em 5 anos, então eles sabem da importância da mordomia financeira e da dependência de Deus. Confiram o endereço eletrônico deles: www.redemptionhillchurch.com )

 

Vocês encontraram Romanos, capítulo 14? Nós pregamos sobre os Livros da Bíblia, uma pregação expositiva, versículo por versículo, pelos livros da Bíblia e nós estamos terminando o capítulo 14 do Livro de Romanos.

 

Antes de lermos o texto eu quero relembrar a vocês o que vem antes desse capítulo, para que saibamos aonde iremos adentrar. Romanos 14 e 15 falam sobre a questão da nossa liberdade Cristã e, consequentemente, nossa responsabilidade Cristã. Quando Romanos foi escrito, havia dois grupos principais de pessoas nas igrejas em Roma. Havia de um lado Judeus Cristãos, aqueles que vieram a crer a partir do Judaísmo, essa era sua origem – e havia então os Cristãos Gentios lá de Roma, Crentes que não vieram do Judaísmo, mas de uma origem pagã, não-Judaica. Então, os dois estão juntos agora como um corpo da igreja e a primeira preocupação é se é permitido comer determinadas “comidas não puras.”

 

Isso pode não parecer um grande problema para a maioria de nós hoje, mas há lugares onde essas questões continuam permeando. Quando nós estivemos na Tailândia, eu ensinei interpretação bíblica básica a vários pastores. E eu na verdade usei exatamente essa questão para ilustrar como o Antigo Testamento deve ser interpretado à luz da revelação mais recente do Novo Testamento. E, assim, por exemplo, eu compartilhei que o Novo Testamento ensina que agora todas as comidas são consideradas puras. Nas duas vezes que ensinei isso, foram feitas perguntas sobre se isso incluía o sangue de animais. Eu disse que sim, mas vejam que foi feita essa pergunta porque era prática deles comerem sangue de animais e tendo vindo de um forte ensinamento de origem Budista, eles simplesmente não tinham certeza.

 

Portanto existiam essas questões nas igrejas primitivas de Roma e a igreja começou a tomar posições acerca do problema. Os Crentes Judeus, ainda muito influenciados pela sua origem Judaica, sentiam que não podiam comer carne e ficar com a consciência tranqüila. O Torá havia proibido comer comidas impuras e eles não podiam ter certeza de que as comidas compradas nos mercados de Roma seriam preparadas da maneira kosher. Os Gentios, por sua vez, não estavam preocupados com isso e comiam tudo de que gostavam.

 

Paulo identifica esses dois grupos de pessoas como os “fracos” e os “fortes”. O Crente Judeu, cuja fé não lhe permitia comer carne é o irmão “fraco” e o Crente Gentio, cuja fé lhe permitia comer qualquer coisa é o irmão “forte”. Paulo os chama de fraco e forte em relação ao seu uso da fé. Não significa que um tenha mais fé do que o outro. Paulo também não tem a intenção de enfatizar que um esteja certo e o outro errado. Pessoalmente, Paulo fica do lado do “forte”. Ele sabe que todas as comidas são puras, mas Paulo não diz então para os Crentes “fortes” dizerem para os “fracos” o quanto eles estão errados. Isso seria não compreender o argumento dele. Paulo aqui está fornecendo instrução sobre como esses dois grupos podem conviver amorosamente.

. Fiquem de pé em honra à leitura da Palavra de Deus.

 

13 Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.

14 Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda.

15 Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu.

16 Não seja, pois, blasfemado o vosso bem;

. Orar.

 

Introdução:

 

Esse capítulo nos ensina a considerarmos como nos comportarmos quando estivermos diante de determinadas questões não essenciais da fé Cristã. Há algumas crenças que são absolutamente essenciais à fé Cristã. Quais são alguns exemplos? Salvação pela graça através da fé somente em Jesus Cristo. Essa é uma questão essencial para a fé Cristã. Outra questão essencial é a divindade de Cristo. Jesus Cristo é mais do que um homem, Ele é o Deus-Homem, 100% Deus, 100% Homem. A ressurreição é essencial para a fé Cristã, e o Evangelho é absolutamente essencial para a fé Cristã. A Bíblia fala clara e explicitamente sobre todas essas questões essenciais.

 

Há, todavia, algumas questões não essenciais à fé Cristã. Essas são questões que a Bíblia não aborda de maneira específica. Nós sugerimos algumas dessas questões não-essenciais quando nos reunimos semana passada. Nós mencionamos ir ao cinema, ou ao teatro, jogar cartas, dançar e outras. Essas são questões sobre as quais a Bíblia é silente ou, pelo menos, não há informação suficiente a partir da qual nós possamos dizer com certeza se essa coisa é permitida ou proibida. Alguém sugeriu semana passada que fazer uma tatuagem pode entrar nessa categoria também. Então essas são questões que nós chamaríamos de não-essenciais. Não significa que elas não sejam importantes. Alguns de nós podemos ter convicções fortíssimas a respeito de uma ou duas dessas questões chamadas não essenciais e isso é precisamente o que Paulo escreve no capítulo 14. Porque vai haver diferenças de opinião a respeito dessas questões não essenciais.

 

O que Paulo faz em nosso texto esta manhã é dizer para todos nós como vivermos qualquer que seja o lado que nos posicionemos. Alguns de nós podem ter uma fé que nos permita fazer uma coisa e alguns de nós tem uma fé que nos proíbe fazer a mesma coisa. Isso não tem muito a ver com quem esteja certo ou errado, tanto quanto tem a ver com a maneira como ambos os lados podem conviver. Esse capítulo também nos beneficia pelo fato de que nosso estudo dele nos faz pensar de uma maneira mais ampla para que possamos fazer a coisa mais sábia, que traga maior glória para Deus. Rapidamente, vamos ver que existem três desafios que permeiam nosso texto. Primeiro:

 

I. Mostre que você conhece o Verdadeiro Amor (13-16)

 

O título desta mensagem é “Amando os outros mais do que os nossos Direitos”. Se nós estamos dispostos a abrir mão das nossas liberdades pelo bem de um irmão ou irmã em Cristo, então estamos mostrando que nós conhecemos o que é o verdadeiro amor.

 

Falando de Jesus, a Bíblia diz em João 15:13: Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” Jesus amou mais os outros do que seus Direitos celestiais  e prerrogativas espirituais. Ele coloca os outros em primeiro lugar. É assim que você e eu devemos nos relacionar uns com os outros com relação às questões não essenciais da fé Cristã. Se fizermos isso, nós mostramos que conhecemos o verdadeiro amor.

 

13 Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.

14 Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda.

15 Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu.

16 Não seja, pois, blasfemado o vosso bem;

 

 

O grande reformador Protestante, Martinho Lutero, escreveu um tratado entitulado “Sobre a Liberdade de um Crente”. Ele começou o tratado com as palavras: “Um Crente é o mais livre de todos os senhores, sujeito a ninguém.” Era a maneira de Lutero dizer: “Nós somos livres em Cristo. Cristianismo não significa obedecer como um escravo a uma lista de coisas a fazer ou não fazer. Não vivemos nossas vidas para agradar a Deus ou ao papa. Somos livres! Um Crente é o mais livre de todos os senhores, sujeito a ninguém”, mas a seguir, Lutero acrescentou as palavras: “Um Crente é o servo mais obediente de todos, sujeitos a todos.”

 

Paulo fala a mesma coisa para a igreja na Galácia. Em Gálatas 5:13: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” Mostre que você conhece o verdadeiro amor. É isso que Paulo está ensinando aqui nos versículos 13-16.

 

Paulo diz no versículo 13 para não julgarmos uns aos outros nessas questões não essenciais. Não torçam o nariz um para o outro por causa dessas coisas. Ao invés disso: “busque não colocar uma pedra de tropeço ou outro motivo de queda no caminho do seu irmão.” Essa é uma outra maneira de dizer: “Ame seu irmão de maneira que não faça nada que cause a ele algum prejuízo espiritual.” Jerry Vines tem um sermão sobre essa passagem entitulado: “Pedra de Tropeço ou Pedra de Apoio?” Eu gosto desse título. Ao invés de sermos uma pedra de tropeço, vivendo sem se importar com que alguém que esteja nos seguindo tropece, seja uma pedra de apoio, conduzindo amorosamente seu irmão para mais perto de Cristo. Essa é a idéia aqui.

 

Paulo diz no versículo 14 que ele pessoalmente está convencido de que todas as comidas são puras e a maioria de nós concordaria com ele por causa da nossa compreensão do Novo Testamento. Mas essa não é bem a questão, diz Paulo, tanto quanto nossa liberdade de comer possa causar dano espiritual a alguém que discorda de nós. Então ele diz no versículo 15 que se seu irmão está contristado porque você exercitou sua liberdade, então “você não está mais andando em amor.” Portanto “não destrua seu irmão por causa disso”. Não destrua com sua comida aquele por quem Cristo morreu. Não permita que sua liberdade cause prejuízo espiritual a outra pessoa.

 

Essas são palavras fortes! A palavra “destruir” na verdade se refere à destruição eterna, assim como na destruição eterna no inferno.  Não permita que seu comportamento leve outros a andarem no caminho errado. Então, versículo 16: “Não seja, pois, blasfemado o vosso bem.” Seu comportamento vai atrair seu irmão para mais perto de Jesus ou vai repeli-lo.

 

Agora, se você não está absorvendo nada mais do nosso estudo esta manhã, então absorva isso: nosso comportamento nesta comunidade resulta em uma de duas conseqüências. Ou nosso comportamento atrai pessoas para Jesus ou nosso comportamento afasta de Jesus as pessoas. É isso. A maneira como vivemos nessa comunidade e em nossas famílias e aonde quer que Deus no conduza, nosso comportamento relativo, sim, até mesmo as coisas não essenciais, tem o resultado de atrair as pessoas pra mais perto de Jesus ou afasta-las Dele. As pessoas são influenciadas pelo que fazemos. Não importa se somos livres para fazê-lo. Se causamos um mal espiritual ao outro, fazendo com que alguém seja afastado de Cristo, ao invés de ser trazido para mais perto de Cristo, então nós não estamos agindo em amor.

 

Bem, eu compartilhei algo domingo passado de noite que eu gostaria de compartilhar esta manhã. Se você estava aqui domingo passado de noite, por favor, me ajude nisso enquanto eu tento fornecer um relato mais completo e também corrigir um pouco da história da nossa igreja.

 

Charles Spurgeon, o grande pregador Batista, fumava charutos. Ele disse que ninguém podia encontrar um mandamento na Escritura que o proibisse. Certa vez, um homem se aproximou de Spurgeon e falou: “Quando você acha que fumar charutos é pecado?” Spurgeon disse: “quando eu fumo em excesso.” O homem respondeu: “E quando você estaria fumando em excesso?” Spurgeon replicou: “Quando eu fumar dois cigarros ao mesmo tempo!”

 

Mas Spurgeon permitiu que a liberdade dele em Cristo encobrisse o amor dele pelos outros. Alguns foram afastados pelo fato dele fumar e o censuraram. E um dos eventos que chamou a atenção para o fumar de Spurgeon foi um sermão que ele pregou na sua própria igreja lá em Londres, Inglaterra, na visita de um ministro americano em 1874. O nome do homem era Dr. George Frederick Pentecost.

 

George Pentecost era um pregador muito popular. Ele também era colaborador de D.L. Moody. Os dois trabalharam juntos em reavivamentos e no avanço do Evangelho.

 

O que torna essa historia mais interessante é que George Pentecost foi salvo num reavivamento bem aqui em Henderson, Kentucky, sob o ministério de John Bryce, ex-pastor aqui dessa nossa igreja, Primeira Igreja Batista de Kentucky. Não aconteceu aqui nesse prédio, é claro, porque esse prédio só foi construído em 1893, mas George Pentecost foi salvo durante um reavivamento realizado pela Primeira Igreja Batista aqui em Henderson, KY. Pentecost foi estudar por um breve tempo na Faculdade Georgetown em Kentucky e foi depois servir o Senhor por toda a América e, na verdade, por todo o mundo.

 

Então, esse homem, Dr. Pentecost, estava visitando Londres, um lugar onde ele também iria servir como pastor na Igreja Marylebone, lá em Londres, mas ele estava visitando no outono de 1874 e fora convidado naquela noite para ajudar Spurgeon na pregação de um sermão. Spurgeon gostava de fazer isso, quando um ministro fornecia o ensinamento doutrinário e outro ministro fornecia a aplicação.

 

Num livro publicado em 1929 por A.M. Hills, um livro chamado Homilética e Teologia Pastoral, Hills escreve sobre o que aconteceu aquela noite na igreja de Spurgeon:

 

“O grande Charles Spurgeon  era um inveterado fumante de charuto. Uma noite o nobre, cheio do Espírito, Dr. George Pentecost, pregou no púlpito de Spurgeon, e ousou sugerir que seria bom para os pregadores abandonarem o charuto para a glória de Deus. Spurgeon ficou indignado com o sermão de Pentecost, ficou vermelho e tratou com descaso, ajeitou as lapelas e disse: “eu vou para casa e vou fumar um bom charuto para a glória de Deus.” O diabo fez de bobo aquele grande homem. Com o passar do tempo os médicos lhe disseram que precisava parar de fumar ou morreria. Ele não parou e morreu cerca de quinze ou vinte anos antes do tempo. E aquele comentário bobo foi usado pelo diabo, impresso em papel e circulou aos milhares nos salões e lojas de charuto do mundo. A eternidade há de revelar que aquele comentário insano causou mais prejuízo e danos a mais almas do que todas as que foram salvas pela pregação dele na sua vida inteira. O diabo é absurdamente mal, mas certamente ele não é tolo. Ele pode (levar) abaixo um grande pregador e fazer o maior carnaval por causa disso no abismo sem fundo.”

 

Talvez a retórica do escritor seja um pouco exagerada, mas ele traz um argumento: nosso comportamento com relação às coisas não essenciais é importante. O fato de Spurgeon se gabar da sua liberdade feriu os outros. Ele não queria ferir outras pessoas como ele escreveu mais tarde, defendendo seu comentário, mas o dano já estava feito.

 

Bem, eu estou meio de um dilema esta manhã, uma vez que eu dei a vocês apenas um ponto principal e nosso texto continua com versículo 17 até o final do capítulo. E eu decidi dar a vocês pelo menos esses pontos principais e então, se Deus quiser, próximo domingo de manhã, fornecer pelo menos uma breve exposição deles, talvez como uma introdução ao capítulo 15. Então, antes de eu encerrar com outra aplicação desse texto, deixe-me pelo menos sintetizar o ensinamento dele dando a vocês esses três pontos principais de ação.

 

Nós dissemos primeiro que nós precisamos mostrar que nós conhecemos o verdadeiro amor. Paulo então prossegue para dizer que nós precisamos:

 

II. Mostrar que nós conhecemos Vida Verdadeira (17-18)

 

17 Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

18 Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.

 

A vida real não é feita das coisas não essenciais, comida e bebida, e jogo de cartas, e dança, ou discutir sobre se fumar charuto é certo ou não. Vida verdadeira é encontrada na justiça, na paz, e alegria no Espírito Santo.

 

Mostre que você conhece o verdadeiro amor. Mostre que você conhece a verdadeira vida. Em terceiro:

 

III. Mostre que você conhece a Verdadeira Liberdade (19-23)

 

Novamente, se Deus quiser, eu espero fornecer pelo menos uma breve exposição ou explanação desses versículos no próximo domingo de manhã, mas na verdade Paulo conclui aqui com algumas das mesmas coisas que ele diz no começo da passagem.

 

Na verdade, o versículo 21 contém a essência desse ensinamento. Se eu fosse encorajar vocês a memorizarem apenas um versículo dessa passagem, seria o versículo 21:

 

21 Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.

 

Esse princípio deve ser o principio orientador de todo nosso comportamento Cristão. Paulo usa o mesmo princípio numa passagem similar da Escritura. Em 1Coríntios, Paulo trata da questão de se é certo comer carne de animais que foram sacrificados a falsos deuses. É muito similar ao que ele ensina aqui. Todas as comidas são puras, mas, diz Paulo em 1 Coríntios 8:13: “Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize.” Esse é o objetivo: o benefício de muitos, para que eles sejam salvos.

 

Portanto, não se trata de uma questão de algumas dessas coisas não essenciais serem pecado em si mesmas. Nós precisamos compreender, todavia, que as coisas não essenciais podem se tornar pecado se elas causam um prejuízo espiritual ou físico à outra pessoa.

 

Beber é pecado? Pode ser. Por exemplo, a Bíblia universalmente condena a bebedeira e a Bíblia desaprova o consumo do que chama “bebida forte”. Muitas bebidas alcoólicas vendidas hoje – incluindo alguns vinhos – pelos padrões bíblicos, entrariam na categoria “bebida forte” . Não há evidência de que Jesus alguma vez tenha ingerido o que a Bíblia chama de “bebida forte”. O vinho como bebida era misturado com muita água no Antigo Oriente Próximo, durante um período de água potável menos pura e durante um tempo antes da refrigeração.

 

Beber também pode ser pecado se causa prejuízo espiritual para outro crente. Esse é o argumento do Apóstolo. Talvez a consciência de um homem lhe permita beber um copo de vinho com baixo teor alcoólico. Ou talvez, a consciência de um homem lhe permita beber um copo de cerveja. Não há nada de explicitamente pecaminoso sobre isso em si mesmo. Mas se esse homem é visto em público adquirindo ou bebendo um copo de vinho ou bebendo sua única cerveja, isso é algo totalmente diferente. Outro irmão ou irmã Crente vê essa pessoa pegando uma bebida e é negativamente influenciada pela liberdade do crente. Novamente, a frase “pedra de tropeço” significa “causar um prejuízo espiritual” a alguém.

 

Se aquele Crente crê firmemente que é necessária a abstenção de bebida e a outra pessoa diz: “Sabe de uma coisa? Eu não estou nem aí. Eu sou livre para beber e eu vou fazer isso”, então duas coisas estão acontecendo. Primeiro, o Crente que bebe não está agindo em amor para com seu irmão. Ele ama seu direito de beber mais do que ama seu irmão em Cristo. Segundo, o Crente que não bebe é influenciado negativamente pelo comportamento do Crente que bebe. O Crente que bebe causou um prejuízo espiritual a ele. Sua consciência o incomoda. Ele acha errado beber e aqui está um outro irmão bebendo. Ele é prejudicado. Ele não sabe bem como responder a isso. Talvez, ele agora se sinta pressionado a beber e ir contra o que diz a sua consciência.

 

Porque nós amamos Charles Spurgeon nós lhe daremos uma chance para se redimir. Sobre essa questão do álcool Spurgeon busca esclarecer a sua posição para alguém que não a tenha compreendido bem. O que ele diz é útil para nós: Eu não disse nem dei a entender que era pecado beber vinho; não, eu disse que isso em si mesmo poderia ser feito sem culpa. Mas eu disse que, se eu soubesse que outra pessoa seria levada a adotar meu exemplo, e isso a levasse a beber mais, e até mesmo à intoxicação, então eu não tocaria.”

 

É por isso que nossa igreja tem um padrão elevado para os líderes na igreja, líderes como diáconos e professores de Escola dominical. Nós esperamos que os líderes na igreja se abstenham do uso do álcool porque as pessoas são influenciadas por seus líderes.

 

Mais tarde, no seu ministério. Spurgeon adota uma posição ainda mais rígida. Em um sermão pregado no Tabernáculo Metropolitano, Spurgeon diz: “Eu me abstenho da bebida alcoólica de todas formas, e eu acho que os outros devem ser sábios e fazer o mesmo… (Sermão: “Os cântaros em Cana.”)

 

Vejam, a sabedoria nos compele a fazermos uma aplicação ainda mais ampla do ensinamento de Paulo aqui em Romanos 14. Nós devemos viver nossas vidas como sal e luz, trazendo glória para Deus em tudo que fazemos. Dito isso, nossas vidas devem estar atraindo as pessoas para mais perto de Jesus ao invés de afastá-las. Se Paulo diz no versículo 21: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece,” então isso significa qualquer coisa. E se isso é verdade com relação ao nosso comportamento ao redor de Crentes, quanto mais ele é aplicável aos não Crentes? Se devemos viver nossas vidas de forma a atrairmos pessoas para mais perto de Jesus ao invés de afastá-las, então vamos querer agir todo o tempo com sabedoria.

 

A comunidade está observando. Os jovens estão observando. Meninos e meninas estão observando. Pais, seus filhos e filha estão te observando. Vamos mostrar que conhecemos o amor verdadeiro colocando de lado nossas liberdades, se a prática de nossas liberdades não resultam em atrair as pessoas para mais perto de Cristo. Vamos amar mais os outros do que os nossos direitos.

 

O maior exemplo de amar mais os outros do que os nossos direitos é visto em nosso amado Senhor Jesus. A Bíblia diz em Filipenses 2 que o eterno Filho de Deus no céu não considerou a igualdade com Deus  uma coisa a que deveria se apegar, mas ao contrário, submeteu Suas liberdades – liberdades infinitas – abrindo mão de sua reputação, e tomou a forma de um servo e veio a essa terra por nós. Ele tinha todo “direito” de permanecer onde Ele estava. Mas vejam que Ele amou os outros mais do que Seus direitos. Se essa foi a atitude do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, não podemos nós também abrir mão de uma liberdade ou outra a fim de amorosamente beneficiar outra pessoa? Não podemos abrir mão de alguns de nossos “direitos”, algumas de nossas liberdades para comer e beber se isso significa que outros podem ser levados para Cristo? Vamos amar mais os outros do que os nossos direitos.

 

. Fiquem de pé para oração.