Com Nosso Senhor no Paraíso

Com Nosso Senhor no Paraíso

“Com Nosso Senhor no Paraíso”
(Lucas 23:39-43)
Série: Certeza em Tempos Incertos
Rev. Todd A. Linn, PhD

Primeira Igreja Batista de Henderson, Henderson

Peguem suas Bíblias e juntem-se a mim no Evangelho de Lucas, capítulo 23 (Pg 712; YouVersion).
Estamos pregando através do Evangelho de Lucas e nos encontramos próximos do final deste Evangelho e isso significa, é claro, que nos encontramos próximos do fim da vida de Jesus Cristo.
Jesus foi sentenciado à morte. Ele tem sido conduzido para ser crucificado em uma cruz Romana em um lugar chamado “Calvário, ou “Gólgota,” o lugar da caveira. Ele está pendurado em uma cruz entre dois criminosos. Na semana passada nós estudamos Sua oração no verso 34 onde Jesus disse, “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” Os líderes Judeus e os soldados Romanos haviam dito, “Se tu és o Cristo, salve-se a si mesmo.” Mas conforme estudamos na última ocasião, Jesus não salvou a Si mesmo para que Ele pudesse salvar os outros. Parafraseando a canção popular, “Quando Ele estava na cruz você e eu estávamos em sua mente.”
Nesta manhã lemos a respeito da conversa que Jesus teve com um dos criminosos, uma vida transformada, conversa salva vida. Preste atenção nisso enquanto eu leio a passagem.
Fiquemos de pé em honra à leitura da Palavra de Deus.
39 E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós.
40 Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?
41 E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.
42 E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
43 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.

Oração.
Introdução:
Aqui temos uma passagem impressionante sobre a salvação no último instante de um ladrão que estava morrendo. Nos últimos momentos de sua vida, o ladrão que estava morrendo confia em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
Dr. Vance Havner costumava contar uma estória sobre essa passagem da Escritura. Ele descrevia como muitos chamados Cristãos professos haviam tentado usar o relato do ladrão para defender a falta de compromisso que tinham.
Harvner contou a respeito de um ministro que estava conversando com um desses chamados Cristãos. O ministro perguntou ao homem se ele era ativo na igreja local. O homem respondeu, “Não, mas o ladrão da cruz não era ativo em nenhuma igreja local e ainda foi salvo.” O ministro então perguntou se o homem havia sido batizado. O camarada disse, “Não, e o ladrão da cruz nunca foi batizado e foi para o céu.” O ministro então perguntou ao homem se ele já havia tomado a Ceia do Senhor, ou se havia dizimado ou dado suporte à obra missionária. O camarada disse, “Não, mas o ladrão da cruz nunca fez nada dessas coisas e ele ainda foi salvo e foi para o céu.” Finalmente o ministro disse, “Sabe de uma coisa? A única diferença entre você e o ladrão da cruz é que ele era um ladrão morrendo e você é um que está vivo.”
Estamos certos de salientar que se esse ladrão morrendo tivesse a oportunidade de descer da cruz e viver sua nova vida em Cristo, ele certamente teria sido batizado, se tornaria ativo na igreja, ofertaria para missões e assim por diante. Mas ele não teve essa oportunidade. Ele era um ladrão que estava morrendo e ainda morreu salvo. Nas palavras do hino:
O ladrão da cruz regozijou ao ver a fonte (de perdão) em seu dia; E posso eu, embora mau como ele, lavar todos os meus pecados.
Vamos dar uma olhada mais de perto nesses cinco versos e então eu quero compartilhar com vocês alguns princípios que emergem de nosso estudo desse texto. Primeiramente, olhe novamente o verso 39:
39 E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós.
Essa é a terceira vez que Lucas nos conta sobre esses que estão zombando de Cristo. Lemos da última vez como essa é uma das profecias cumpridas do Salmo 22 e Isaías 53. Ambos, Salmo 22 e Isaías 53, profetizam sobre Cristo sendo provocado por seus inimigos. Lucas registra o cumprimento dessa profecia conforme lemos a respeito dos líderes Judeus provocando a Cristo, os soldados Romanos provocando a Cristo e agora, um dos criminosos condenados provocando Cristo: “Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós.” Verso 40:
40 Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?
Esse segundo criminoso vê algo em Jesus que o primeiro não vê. O segundo criminosso vê a inocência de Jesus. Ele diz aqui no verso 40, “Tu nem ainda temes a Deus?” Isto é, “Como você pode blasfemar de Deus nesses momentos finais de sua vida?!” Nós também fomos sentenciados à morte – e – verso 41:
41 E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.
O criminoso diz, “Nós merecemos o que estamos recebendo, mas este Homem não. Este Homem não fez nada de errado.” Anteriormente percebemos que um dos pontos principais de Lucas ao narrar a crucificação é evidenciar a inocência de Cristo. Lucas registrou três vezes que Pilatos tinha achado Jesus inocente no verso 4, verso 14 e verso 22 (Lucas 23:4; Lucas 23:14; Lucas 23:22). Então, Lucas relatou que Herodes achou Jesus inocente no verso 15 (Lucas 23:15). Agora este criminoso vê a mesma inocência que o centurião Romano verá em Jesus quando eventualmente chegarmos no verso 47 (Lucas 23:47).
Assim, o pedido do ladrão condenado, verso 42:
42 E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
Aqui está o segundo ladrão aceitando a justiça de sua própria condenação e reconhecendo a inocência de Cristo, reconhecendo também quem é Jesus: o Messias, Salvador, Cristo, Rei, Senhor. E assim ele faz esse pedido: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino.”
43 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.
Essa palavra paraíso é um lindo sinônimo para céu. Ela é usada somente outras duas vezes no Novo Testamento. Paulo usa a palavra paraíso em 2 Coríntios 12 ao citar seu “arrebatamento ao terceiro céu” em um tipo de visão ou experiência de Deus (2 Coríntios 12:3-4).”
João também usa o termo “paraíso” para descrever o céu ao escrever para a igreja em Éfeso em Apocalipse 2. Ele escreve onde Jesus diz, “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus (Apocalipse 2:7).”
Esse ladrão morrendo na cruz é salvo em seu último momento, tendo visto a Cristo por quem Ele é e voltando-se a Ele para ser salvo. Agora, eu quero compartilhar com vocês algumas verdades sobre salvação que são ensinadas aqui nessa passagem. Essa pequena passagem da Escritura está bem embalada como dinamite com três verdades sobre salvação, três coisas que envolve salvação. Anotem, número um:
I. Salvação envolve Mistério
Existe um elemento de mistério envolvido na salvação que é difícil de entender. Jesus estava falando sobre esse mistério na conversa que Ele teve com Nicodemos em João 3. Ele disse, “Nicodemos, você deve nascer de novo,” e Nicodemos não entendeu sobre o que Jesus estava falando. Ele disse, “O Senhor está falando sobre eu entrar no ventre de minha mãe pela segunda vez?! Como uma pessoa pode nascer de novo?”
E Jesus diz em João 3:8, “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”
Em outras palavras, “Você não pode colocar seu dedo no momento exato em que os olhos de uma pessoa estão abertos e eles veem a Cristo por quem Ele realmente é.” Isso é mistério. E alguns veem e alguns não veem.
John Newton descreveu recebendo a graça salvadora de Deus dessa maneira quando escreveu, “Eu estive perdido, mas agora fui encontrado, estive cego, mas agora vejo.” Você pode explicar plenamente a salvação? Não, mas como o homem que nasceu cego disse em João 9:25, “Uma coisa eu sei: embora tenha sido cego, agora vejo.” Alguns veem e alguns não veem.
Os outros escritores do Evangelho nos contam que ambos os criminosos blasfemaram contra Jesus, não apenas um. Ambos inicialmente blasfemaram e provocaram a Cristo (Mateus 27:44; Marcos 15:32). Mas então alguma coisa aconteceu no coração desse segundo criminoso. Algo mudou. Alguma coisa mudou de forma que o segundo ladrão começou a ver Jesus por quem Ele realmente é.
Muitos têm especulado e conjecturado segundo o que eles acham que mudou a visão do segundo ladrão a respeito de Cristo. Podemos acrescentar à especulação deles, lembrando que essa crucificação durou seis (6) longas e duras horas. Muita coisa pode acontecer em 6 horas. Talvez esse segundo ladrão estivesse lembrando o que ele havia ouvido, sobre Jesus conversando com Pilatos de que Seu reino não é desse mundo. Talvez o ladrão tenha olhado para Jesus e ouvido Sua oração lá no verso 34, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem,” e fixou os olhos no título pendurado acima da cabeça de Jesus e tenha lido as palavras, “Rei dos Judeus.”
Algo aconteceu. Alguma coisa mudou a mente dele. Essa coisa é Alguém. Eu posso ouvir Jesus dizendo,” O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito (João 3:8).”
Jesus ensinou claramente em João 6:44, “Ninguém pode vir a Mim, se o Pai que Me enviou o não trouxer.” Deus nos conduz à fé salvadora pela obra de Seu Espírito Santo.
Você percebe, ambos os criminosos haviam testemunhado as mesmas coisas. Ambos tinham visto e ouvido tudo que aconteceu naquele dia. Ambos tinham ouvido sobre Jesus, ambos tinham ouvido Sua oração da cruz, ambos foram expostos à verdade sobre Jesus e, ainda assim, somente um creu.
A única explicação é o dom da maravilhosa graça de Deus que abre o coração de um daqueles criminosos para enxergar o que antes ele era cego para ver. Deus pela Sua graça através da fé do homem, em Cristo somente, salvou este homem do pecado.
Mas que mistério! O escritor do hino registra esse grande mistério no hino, “Eu sei em quem tenho crido.” Ele escreve:
Eu não sei como o Espírito se move,
Convencendo os homens do pecado,
Revelando Jesus através da Palavra,
Criando fé nEle.

Deus se move através do Espírito Santo, convencendo os homens de seus pecados e criando fé nEle. Deus faz isso. Salvação é um dom misterioso de Sua graça.
JC Ryle conclui que esse fato deveria nos ensinar humildade:
Como se dá isso que precisamente sob as mesmas circunstâncias um homem é convertido e outro permanece morto em pecados, porque o mesmo sermão é ouvido por um homem com perfeita indiferença e envia outro para casa para orar e buscar a Cristo, porque o mesmo Evangelho é escondido de um e revelado a outro. Nós somente sabemos que é assim e que é inútil negar isso.
Salvação envolve mistério. Estando morto em ofensas e pecado (Efésios 2:1), mas Deus me vivificou, Ele criou minha fé nEle e abriu meus olhos para enxergar a Cristo por quem Ele é. Salvação envolve mistério. Em segundo lugar:
II. Salvação envolve Humildade
Esse segundo ladrão se humilhou diante do Senhor Jesus Cristo, confessando seu pecado e reconhecendo a Cristo como seu Senhor e Salvador. Ele fala ao outro ladrão no verso 40, “Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?” – verso 41, “porque recebemos o que os nossos feitos mereciam.”
Ele não se parece com a maioria dos criminosos de hoje, parece?! A piada a respsito de cadeias e prisões é que todos lá são inocentes. Mas não esse camarada, ele sabe que é culpado. E em humildade, ele diz, “recebemos o que nossos feitos mereciam.” É o mesmo que dizer, “Deus, eu sei que sou um pecador. Eu admito que sou culpado.”
Se desejamos ser salvos da penalidade pela culpa que nossos pecados merecem, então devemos nos humilhar diante do Senhor e admitir os erros de nossos caminhos. Nós devemos – em humildade – ir ao Senhor confessando nosso pecado e se arrependendo (dando as costas) ao nosso pecado.
Essa passagem ilustra que não somos salvos pelo que fazemos. Nossas boas obras e atos de bondade não nos salvam. Este ladrão não tinha nada a oferecer a Cristo, ele não havia guardado os sacramentos e ordenanças da igreja, ele não tinha nada a oferecer a Cristo – nada. Nós não vamos a Cristo agarrando um currículo espiritual de todas as coisas religiosas que fizemos. Jesus disse, “Benditos os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mateus 5:3).”
Assim, vamos pobres de espírito, vamos como o ladrão – nús, pobres, desamparados, humildemente. Conforme coloca Augustus Toplady:
Nada em minhas mãos eu trago,
Simplesmente à cruz me agarro;
Nú, venho a Ti para ser vestido;
Desamparado olho para Ti por graça;

Esse segundo ladrão repreende o primeiro por falhar ao ver o contraste entre o justo sofrimento deles e sua culpa com o injusto sofrimento e a inocência de Jesus. O primeiro ladrão apenas clamou, “Salve-se a Ti mesmo e a nós!” O segundo clama, “Senhor, lembre-se de mim quando entrares no Teu reino.”
Um ladrão fez uma exigência pelo que ele acreditou que merecia. O outro fez um pedido pelo que ele sabia que não merecia. Deixe-me dizer isso mais uma vez: um ladrão fez um pedido pelo que ele sabia que não merecia.
Salvação envolve mistério, salvação envolve humildade, e:
III. Salvação envolve Eternidade
Jesus responde ao pedido do Segundo ladrão, de que ele fosse lembrado no reino de Cristo, e a resposta no verso 43, “Em verdade te digo que hoje estarás Comigo no Paraíso.”
O que quer dizer duas coisas: primeiro, Jesus pode ter bem dito ao ladrão, “Meu Reino não é em lugar distante em um futuro distante. Meu Reino é uma realidade presente que pode ser desfrutada exatamente agora. Quando você confia em Mim, você acessa esse reino.”
Mas perceba também o imediatismo da entrada do Cristão no céu no ponto de vista da morte. Jesus diz no verso 43, “hoje estarás Comigo no Paraíso.” Hoje.
“Você não entrará em um tipo de ‘descanso da alma,’ nem irá a algum tipo de purgatório para ser mais purificado do pecado. À propósito, se o ladrão não precisou de purgatório, quem no mundo precisa?!
Hoje estarás Comigo no Paraíso. Hoje! Paulo ensinou a mesma verdade aos Cristãos em Corinto quando ele disse em 2 Coríntios 5:8, “Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.”
Ou quando Paulo disse aos Cristãos em Filipo que ele não tinha certeza se deveria permanecer vivo para continuar a ministrar aos crentes de lá ou se ele, “partiria para estar com Cristo, o que (ele disse) é ainda muito melhor (Filipenses 1:23).”
Estar ausente do corpo é estar presente com o Senhor.
Na morte, a alma não-Cristã vai para o inferno e a alma Cristã vai para o céu. O corpo é enterrado e a alma vai para o céu. Com o que se parece essa alma? Eu não sei, mas seremos capazes de reconhecer um ao outro lá. Existe um precedente bíblico para isso, bem como, um senso comum. Se estaremos indo a um lugar mais perfeito então possuiremos um conhecimento mais perfeito e consciência um do outro. Estar ausente do corpo é estar presente com o Senhor.
E enquanto nossos corpos etiverem enterrados no solo, um dia o Senhor voltará novamente, Ele vai voltar, e Ele vai ressuscitar nossos corpos mortais e irá transformá-los em corpos imortais, corpos gloriosos como o dEle (1 Coríntios 15: 42-55). Então nossas almas habitarão esses corpos novos e viveremos para sempre desssa maneira com o Senhor.
Que conforto tremendo para aqueles de nós que já sepultaram amados Cristãos! Nossas mães, pais, filhos e filhas que morreram no Senhor estão presentes agora com Ele. Eles estão lá exatamente agora em um lugar lindo chamado céu, um lugar ao qual Jesus se refere aqui como Paraíso. Que conforto para aqueles de nós que perderam nossos amados no Senhor.
E essas palavras podem nos confortar conforme contemplamos nossa prórpia condição diante do Senhor. Alguns pensam, “Bom, é tarde demais. Eu sou um grande pecador para ser perdoado.” Deixe-me perguntar, “Você é um grande pecador como esse ladrão?”
E não é tarde demais para se voltar para Cristo. Só se torna muito tarde na morte. Mas não é muito tarde agora.
Um pregador (Samuel Johnson) é lembrado por usar frequentemente um verso curto de poesia para ilustrar o último instante desse ladrão ao se voltar para o Senhor. Descreve a maravilha da redenção do ladrão no último instante. O poema tem apenas duas pequenas linhas a respeito de um homem que tinha sido lançado de seu cavalo e o que ele faz antes de atingir o solo:
“Entre o estribo e o chão,
Eu pedi por misericórdia e misericórdia encontrei.”

Esse ladrão no último momento de sua vida pediu por misericórdia e misericórdia encontrou.

Fiquemos de pé para orarmos.